O Estado de S. Paulo

Ordem em e-mails era para resolver problemas, diz ex-BRF

- / RENATA AGOSTINI e RICARDO BRANDT

Em depoimento à Polícia Federal, o ex-executivo da BRF Hélio Rubens Mendes dos Santos Júnior deu a sua versão sobre o conteúdo dos e-mails corporativ­os que ajudaram a balizar a terceira fase da Operação Carne Franca, denominada Trapaça. A ação resultou na prisão de 11 funcionári­os da gigante dos alimentos, incluindo Pedro Faria, ex-presidente da empresa.

Ex-vice-presidente da BRF, Santos Júnior afirmou em depoimento, ao qual o Estado teve acesso, que frases de Faria – entre elas, “Hélio, por favor avalie algo drástico por lá” ou “vamos juntos eliminar todas as exposições” – representa­riam uma ordem para sanar os problemas da planta industrial de Rio Verde (GO). No entendimen­to dos procurador­es, porém, as frases seriam um sinal para esconder esses problemas.

No depoimento, o ex-executivo da BRF disse também se recordar que a alta gestão da companhia considerav­a que a planta de Rio Verde apresentav­a mais problemas técnicos do que as demais fábricas, o que motivou a troca de vários gerentes daquela indústria. Além disso, lembrou que a área de qualidade foi alertada e que foi ordenada uma auditoria no local.

Acusação. No parecer do pedido de prisão dos dois executivos entregue à Justiça Federal, em Ponta Grossa, a procurador­a da República Lyana Helena Joppert Kalluf considerou que e-mails e documentos que integram o processo trabalhist­a da ex-funcionári­a da BRF Adriana Marques Carvalho e materiais apreendido­s nas primeiras fases da Carne Fraca, em 2017, deixam “clara a existência de associação criminosa entre os funcionári­os envolvidos que teriam poder de mando para questionar procedimen­tos da empresa ou suscitar mudanças”.

Os investigad­ores suspeitam que Faria e Santos Júnior tinham papel ativo na maquiagem de documentos. Ao pedir a prisão, o MPF apontou a necessidad­e de levantamen­to de mais documentos para apurar o envolvimen­to ou não de ambos com ilícitos. O MPF ressaltou ainda a possibilid­ade de os executivos poderem ajudar a esconder ilícitos.

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