Brasil deve criar ‘receita própria’ para inovar
O Brasil tem algumas lições a aprender com o Vale do Silício. Algumas delas, segundo especialistas ouvidos pelo Estado, dependem de esforços que vão além dos empreendedores, como a criação de uma cultura de investimento de risco. “Vender renda variável no Brasil já é muito difícil. Investir numa empresa iniciante, então, é mais difícil ainda”, diz Maurício Benvenutti, da StartSe.
A ligação entre a academia e a iniciativa privada, ainda distante em muitos casos, também é um problema, assim como entraves burocráticos governamentais.
A principal mudança, porém, está na própria cultura dos brasileiros ao inovar: é importante apostar na colaboração e não fazer planos mirabolantes.
“Não adianta desenvolver um plano de cinco ou dez anos para gerar tecnologia. Há uma década, o iPhone tinha acabado de surgir e o Uber nem existia”, diz Benvenutti. “Melhor que isso é testar uma ideia em seis meses e ver se ela dá certo, como as startups fazem, e ir evoluindo.”
Não há receita a ser seguida, uma vez que cada ecossistema de inovação tem suas peculiaridades. Anderson Thees, sócio da Redpoint eVentures, diz que “se conectar com o Vale é bom, especialmente enquanto a gente não descobre o que fazer aqui.” Já Rodolfo Pinotti, da 500 Startups, destaca que “São Paulo tem algo que muitas cidades não têm: uma população enorme e que pode ser usada para testes.”. Para Benvenutti, do StartSe, “os brasileiros são adorados no Vale por sua criatividade. Podemos e devemos usar isso a nosso favor.”