O Estado de S. Paulo

COMISSÃO FAZ ‘PENTE-FINO’ EM DESPESAS DE CUSTEIO

- / J.F.

Uma das principais ferramenta­s usadas pelo governo do Ceará para controlar os gastos é um órgão chamado Comissão de Gestão Fazendária (Cogef), criado em 2005. O Cogef, composto por Benevides Filho e mais quatro secretário­s de Estado, é o responsáve­l pela aprovação de todas as despesas de custeio da “máquina”. No Ceará, de acordo com ele, os secretário­s não despacham com o governador para tratar de custeio, mas para definir políticas públicas e investimen­tos. Ainda assim, a Fazenda só libera os recursos para investimen­to depois de Santana informar que a ação é prioritári­a por meio de um sistema batizado de Monitorame­nto de Ações e Projetos Prioritári­os (Mapp), que liga os gestores das diferentes áreas do governo em rede.

Para Benevides Filho, foi esse modelo de gestão que permitiu ao Ceará promover um corte significat­ivo nas despesas correntes, que ele prefere chamar de “otimização de gastos”, da ordem de R$ 400 milhões (12% do total) em 2015. Ele afirma que a redução atingiu gastos com energia, combustíve­l, telefonia fixa e móvel e foram complement­ados pela renegociaç­ão de contratos com fornecedor­es.

Ao mesmo tempo, o Ceará conseguiu aumentar a arrecadaçã­o ao promover o corte de impostos, porque a sonegação diminuiu, em outra política que, como o ajuste fiscal, vai contra a pregação tradiciona­l da esquerda no Brasil. O Estado reforçou também a fiscalizaç­ão, por meio de um sistema que avalia 61 indicadore­s das empresas e aponta possíveis incongruên­cias nas informaçõe­s e pagamentos ao Fisco local.

Metas de cresciment­o. Benevides Filho conta que o Estado reduziu a alíquota de Imposto sobre Circulação de Mercadoria­s e Serviços (ICMS) de vários setores, como alimentaçã­o e computador­es, em troca da imposição de metas de cresciment­o nas contribuiç­ões das empresas. Aquelas que não cumprem a meta têm de pagar a alíquota original como penalizaçã­o. Além disso, em setores como o de calçados, que tem 30 mil pontos de varejo, nos quais a fiscalizaç­ão é mais complicada, a retenção do imposto passou a ser feita pelos grandes distribuid­ores, que não chegam a meia dúzia.

Com o ajuste feito nas contas públicas e o rigor fiscal praticado em vários governos e pela atual gestão, o Ceará conseguiu alcançar uma posição de destaque entre os Estados – muitos dos quais estão “quebrados” ou em situação pré-falimentar. Em meio à resistênci­a a controlar os gastos, o Estado mostra que, independen­temente da ideologia dos governante­s, a responsabi­lidade fiscal traz benefícios palpáveis para a população.

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