Em 2017, prisão de dissidentes caiu 48%
Prisões de curta duração foram a principal tática usada pelo governo de Raúl Castro para reprimir os dissidentes do regime e desmobilizar suas atividades. De acordo com a – clandestina – Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional (CCDHRN), que registra os dados da repressão, o número de detenções políticas diminuiu 48% em 2017, em relação ao ano anterior.
Nos primeiros meses de 2018, a entidade também registrou diminuição. Entre janeiro e fevereiro, o aparato repressivo prendeu 677 pessoas por razões políticas; no mesmo período do ano anterior, foram registradas 930 prisões arbitrárias.
O dissidente cubano Elizardo Sánchez, fundador e presidente da CCDHRN, considera a redução do número de prisões “um sintoma natural para o castrismo tardio”. De acordo com ele, não só o governo passou a reprimir menos, mas houve também menos mobilização por parte da dissidência. “Há um cansaço entre nós”, disse.
Estancamento. Para a socióloga e ex-diplomata cubana Miriam Leiva, uma das fundadoras do movimento dissidente Damas de Branco, “não foram criadas condições mínimas para o avanço da reforma econômica”, pois o governo ainda não unificou, conforme prometeu, as moedas do país. Em Cuba há um peso “conversível”, usado no turismo, com valor equivalente ao do dólar americano, e o peso comum, com valor 24 vezes mais baixo, usado pelo governo para pagar seus funcionários.
Miriam, que esteve na reunião do ex-presidente americano Barack Obama com dissidentes em março de 2016, em visita à ilha, aponta a deterioração nas relações entre EUA e Cuba como outro fator de retrocesso. Havana comemorou um aumento de 248,7% no turismo americano, no ano passado, após a normalização das relações, mas se prepara para uma queda acentuada em 2018, após as recentes restrições impostas por Donald Trump.