ILHAS SÃO ÍCONE DA CONSERVAÇÃO
Arquipélago dos Alcatrazes foi onde Sylvia iniciou visita; parceria com Marinha foi essencial para proteção, afirma João Lara Mesquita
Sylvia Earle começou sua visita ao Brasil por um dos lugares mais simbólicos da conservação marinha no Brasil: o Arquipélago dos Alcatrazes, no litoral norte de São Paulo. Dotado de uma beleza pré-histórica, Alcatrazes passou quase 30 anos fechado à visitação pública, sendo usado como área de treinamento de guerra da Marinha do Brasil.
Até que, em agosto de 2016, militares e ambientalistas entraram em acordo. O arquipélago foi declarado área protegida federal – mais especificamente, um Refúgio de Vida Silvestre, ou Revis.
Estudos mostram que Alcatrazes abriga a maior biodiversidade de peixes da costa brasileira. E a presença da Marinha, apesar dos conflitos, ajudou a preservar – e recuperar – grande parte dessa riqueza biológica, que vinha sendo depauperada pela pesca, diz o jornalista, ambientalista e navegador João Lara Mesquita.
Nos anos 1960, ainda criança, ele testemunhou a abundância da vida marinha do arquipélago, vendo seu pai, um ávido pescador, tirar anchovas e mais anchovas de lá. Nos anos 1980, viu essa riqueza diminuir drasticamente. Agora, recentemente, voltou a mergulhar no local e se surpreendeu com a quantidade e variedade de vida que viu.
Ao manter os pescadores afastados, a Marinha permitiu que a vida marinha florescesse de novo no arquipélago. “Essa é a grande mensagem da Sylvia: Ainda dá tempo. Apesar de todo o estrago que a gente causou, ela é otimista”, diz Mesquita, um grande admirador da cientista americana. “O livro dela abriu meus olhos para muita coisa.”
Evidências. A história de Alcatrazes, diz ele, é prova de que Sylvia está correta ao defender a criação de áreas protegidas como “paraísos” para reverter a perda da biodiversidade marinha. “É só dar um tempo que a vida volta.”
E para isso, no Brasil, a parceria com a Marinha é essencial, afirma Mesquita – ressaltando que a corporação sofre com a falta de recursos financeiros e humanos. “Se a gente quiser o oceano brasileiro bem protegido, precisamos de mais recursos para a Marinha.”/H.E.