ÁREAS PROTEGIDAS AUMENTAM, MAS FALTA EFETIVIDADE
Proteção global dos oceanos passou de 2,5% para 7%, mas taxa cai pela metade se forem consideradas apenas as unidades operacionais
As áreas de proteção propostas para o Arquipélago de São Pedro e São Paulo e para a Ilha de Trindade, com mais de 400 mil quilômetros quadrados cada uma (um território oceânico do tamanho do Paraná), se aprovadas, entrarão para a lista das 20 maiores unidades de conservação marinhas do mundo – nas posições 16.ª e 17.ª.
A criação de áreas protegidas gigantes no oceano virou uma tendência mundial nos últimos anos, impulsionada pela adoção das chamadas Metas de Aichi, acordo internacional sancionado pela Convenção sobre Diversidade Biológica das Nações Unidas, que prevê a proteção de pelo menos 10% das áreas costeiras e marinhas de cada país signatário até 2020. Mais de 14 milhões de km² de áreas protegidas marinhas foram criadas desde 2010, quando o acordo foi assinado, elevando a taxa de proteção global dos oceanos de 2,5% para quase 7%, segundo dados do World Database on Protected Areas.
Se forem consideradas apenas as unidades de conservação efetivamente implementadas e operacionais, porém, esse índice cai para 3,6%, segundo o Atlas of Marine Protection.
Daí surge uma das principais críticas feitas por pesquisadores a essa “onda” de criação de grandes áreas protegidas oceânicas: muitas estariam sendo declaradas apenas com o intuito de cumprir estatisticamente as Metas de Aichi, sem o planejamento ou o suporte necessário para proteger, de fato, os recursos naturais marinhos.
“São poucas as áreas protegidas no mundo que são efetivas”, diz o pesquisador Antonio Carlos Marques, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo. “Conservação não é uma questão retórica, de formalidade diplomática. O papel aceita tudo.”
Ainda assim, diz ele, não há como negar o mérito da criação dessas unidades no Brasil. “São áreas importantes de serem conservadas, isso é inquestionável.