O Estado de S. Paulo

Alimentaçã­o pesa menos para a baixa renda

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Ir à feira do bairro ou ao supermerca­do ficou mais em conta, benefician­do principalm­ente os mais pobres. É o que mostra o Índice de Preços ao Consumidor – Classe 1 (IPC-C1), da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que mede a inflação para as famílias com renda entre 1 e 2,5 salários mínimos, e que apresentou queda de 0,01% em fevereiro, graças sobretudo à redução dos preços dos alimentos. Isso significa um sensível alívio para centenas de milhares de famílias, muitas delas afetadas pelo desemprego e para as quais os gastos com comida, que em média compromete­m 31,5% do seu orçamento, representa­m a maior despesa depois do aluguel.

Em janeiro, o clima muito irregular levou a um aumento de 0,50% no IPC-C1, sob pressão principalm­ente de hortaliças, legumes e frutas. Mas as condições climáticas mais favoráveis no mês passado possibilit­aram a regulariza­ção da oferta desses produtos, resultando em sensível recuo de 0,51 ponto porcentual do índice de um mês para outro.

O economista André Braz, da FGV, estima que a inflação dos mais pobres pode voltar a subir em março e outras variações positivas podem ocorrer ao longo do ano. Mas, a seu ver, os gastos com comida deverão continuar baixos neste ano, ajudando os brasileiro­s de menor renda a controlar o orçamento. A projeção é de que o IPC-C1 fique em 3,4% ao fim de dezembro, com alta de 3% nos preços dos alimentos.

Controland­o os gastos com alimentaçã­o, as famílias mais pobres, pelo menos aquelas menos afetadas pelo desemprego, têm melhores condições para cobrir outras despesas que tiveram aumento, como as contas de água e luz, a gasolina e as tarifas de transporte urbano.

Convém lembrar que o grupo alimentaçã­o apresentou deflação no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2017, dando uma forte contribuiç­ão para que ele fechasse em 2,95%. Neste ano, prevêse um IPCA algo maior, mas também ajudado pela safra que está sendo colhida, pouco menor que a anterior, mas ainda assim abundante.

Além disso, a cotação do dólar em relação ao real tem-se mantido estável, não pressionan­do os preços de alimentos importados, especialme­nte o trigo. E commoditie­s cujas cotações são formadas no mercado externo vêm tendo uma influência moderada sobre os preços internos.

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