O Estado de S. Paulo

Fenômeno da TV nos EUA chega ao Brasil

‘The Handmaid’s Tale’ tem sua estreia marcada para hoje, às 21h

- Mariane Morisawa

Com quase um ano de atraso, chega ao Brasil The Handmaid’s Tale – O Conto da Aia, a produção vencedora de oito Emmy e dois Globos de Ouro, incluindo melhor série dramática e melhor atriz dramática (Elisabeth Moss). A série estreia hoje, às 21h, no Paramount Channel, que vai ter sinal aberto nas operadoras Oi, SKY e Vivo.

Baseada no romance distópico de Margaret Atwood, The Handmaid’s Tale se passa após a Segunda Guerra Civil americana, que deixou o país destroçado e substituíd­o por Gilead, uma sociedade totalitári­a e religiosa que sofre com a baixa natalidade. As poucas mulheres férteis são obrigadas a ser escravas sexuais dos homens proeminent­es. Offred (Elisabeth Moss) é uma dessas mulheres, as aias, forçadas a usar longas vestes vermelhas e chapéus que tapam sua visão periférica. Só podem sair de casa acompanhad­as de outras como elas. Na residência dos Waterford, Offred precisa lidar não apenas com Fred (Joseph Fiennes), mas também com sua mulher Serena (Yvonne Strahovski) e tomar cuidado com cada respiro, até porque um espião está na casa. As aias que desobedece­m são duramente punidas.

Desde sua estreia nos Estados Unidos, em abril do ano passado, a série virou um fenômeno cultural, com mulheres que viram seus direitos ameaçados se vestindo como Offred. A “resistênci­a” da série serviu como modelo e espelho da “resistênci­a” liderada pelas mulheres contra o governo de Donald Trump. Em entrevista à imprensa, o showrunner Bruce Miller disse que sempre tentou encarar o que se passa em The Handmaid’s Tale como algo que real, não uma possibilid­ade. “São coisas que ocorreram em algum lugar em algum momento. É muito fácil virar exploração do sofrimento das mulheres, então a gente precisa manter o realismo para evitar isso.” Ele confessa, porém, que teve de fazer uma alteração na primeira temporada, que foi substituir o slogan “make america great again” (“torne os Estados Unidos grandes novamente”) depois que foi adotado pela campanha presidenci­al de Donald Trump.

Em flashbacks, a série mostra como era a vida de Offred no passado, quando era casada e tinha uma filha, antes que o fundamenta­lismo religioso tomasse conta. As transforma­ções da sociedade acontecem aos poucos. Apesar de ser vítima de muitas crueldades, a protagonis­ta expressa bom humor em certas ocasiões, sempre na narração em off. “Ela é engraçada, a situação, nunca. Ela sempre tem uma atitude de: ‘Mas que p... é essa?’. Ela somos nós. Se ela perder esse lado, se perde”, disse Miller. Por isso, a série precisava de uma atriz capaz de quase tudo. “Sabíamos que o diálogo era esparso e muitas vezes contradiz o que a personagem está pensando. Ela ainda usa aquelas roupas e aquele chapéu. A dificuldad­e é enorme. Então sempre que escrevemos algo desafiador, pensamos: Será que Elisabeth vai conseguir? E a resposta até agora foi sempre sim”, diz o showrunner.

Moss, que foi indicada outras sete vezes ao Emmy – seis por Mad Men e uma por Top of the Lake – “comunica muito só com o rosto, sem ação ou diálogo”, acrescento­u o produtor Warren Littlefiel­d. Para a atriz, por mais experiênci­a que tenha acumulado na televisão, The Handmaid’s Tale é diferente. “Nunca estive tão próxima da câmera. É novidade para mim”, disse a atriz. Ela esmiúça cada cena e, se preciso, conversa longas horas ao telefone com Miller. “Sempre tenho uma ideia muito clara do que quero na cena. E essa é melhor parte do meu trabalho, não o resultado final.”

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FOTOS: GEORGE KRAYCHYK / HULU Opressão. Mulheres férteis como Moss (foto acima, à esq.) se tornam escravas sexuais
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