O Estado de S. Paulo

Autora trata romance como ‘ficção especulati­va’

Para Margaret Atwood, a realidade impôs novos parâmetros de comportame­nto, o que torna a história possível

-

Lançado em 1985, O Conto de Aia (Rocco), de Margaret Atwood, logo se encaixou na fileira de grandes romances distópicos, como 1984, de George Orwell, ou Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley. Curiosamen­te, ela rejeitou, na época, que o livro fosse rotulado como ficção científica, preferindo “ficção especulati­va”.

De fato, o livro, que ganhou novo fôlego com a série de TV, tornou-se profético depois da eleição de Donald Trump, alçando Margaret a uma posição de profetisa. “O que o torna tão moderno é o retrato do totalitari­smo americano”, comentou.

Ambientado em um futuro próximo, o enredo mostra um país onde não existe imprensa, ou mesmo cultura. Atos banais tornaram-se crimes, como cantar qualquer canção que contenha palavras proibidas pelo regime, como “liberdade”. Nesse Estado teocrático e totalitári­o, as mulheres são as vítimas preferenci­ais, anuladas por uma opressão sem precedente­s. O nome dessa república é Gilead, mas já foi chamada de EUA.

“Quando escrevi, eu vivia em Berlim, nos anos 1980. O muro ainda dividia a cidade e nada indicava alguma mudança – mal sabíamos que, cinco anos depois, ele seria derrubado”, observou. “Hoje, sentimos que é uma realidade possível. Vivemos uma era de mudanças”.

No Brasil, o livro chegou em 1987, pela Marco Zero, como A História da Aia.

 ?? MARK BLINCH/REUTERS ?? Margaret. Livro foi escrito em Berlim, no anos 1980
MARK BLINCH/REUTERS Margaret. Livro foi escrito em Berlim, no anos 1980

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil