Conversa com o CEO
Dirigente de empresa de antivírus diz que há dificuldade de cliente entender que precisa se prevenir para se proteger de ataques
“Tenho identificação muito grande com tecnologia. Durmo e acordo com tecnologia. Sou gadget maníaco assumido, gosto de dados, dessas coisas. Não me vejo trabalhando em outro mercado que não seja tecnologia. A dinâmica da tecnologia pulsa da mesma forma que minha motivação para fazer as coisas”, afirma o country manager da Eset no Brasil, Camillo di Jorge, que há mais de 20 anos atua nesse mercado. A Eset é uma empresa de origem europeia que se dedica ao desenvolvimento de soluções voltadas ao mercado de segurança digital, como antivírus. O executivo conta que uma de suas características é a persistência. “É você poder visualizar uma coisa, acreditar nela e persistir para que aconteça”, diz Di Jorge.
Com mais de 20 anos de atuação no mercado, com passagens por empresas como IBM, Telefônica, Intelbrás, Medidata e Welcome Real Time, Camillo di Jorge foi responsável pela implantação da europeia Eset no Brasil, em 2009. Hoje, está à frente da operação local da companhia que se coloca entre as cinco maiores do mundo e se dedica ao desenvolvimento de soluções voltadas ao mercado de segurança digital, como antivírus, para pessoas físicas e jurídicas dos mais diferentes tamanhos. “Nesse segmento, são clientes que têm de cinco a 20 mil licenças no mercado brasileiro”, afirma o administrador de empresas com MBA pela Business School São Paulo. A empresa possui uma rede global de vendas que abrange 180 países e tem escritórios em Bratislava, São Diego, Cingapura, Buenos Aires, Cidade do México e São Paulo. A seguir, trechos da conversa.
Você passou por várias empresas de tecnologia.
Tenho identificação muito grande com tecnologia. Durmo e acordo com tecnologia. Sou gadget maníaco assumido, gosto de dados, dessas coisas. Não me vejo trabalhando em outro mercado que não seja tecnologia. A dinâmica da tecnologia pulsa da mesma forma que minha motivação para fazer as coisas.
Por que você acha que foi escolhido para montar a empresa?
Quando eu fui fazer a entrevista (de emprego) foi engraçado. Foi o segundo (no comando) da empresa que me contratou. Eu liguei e disse estou indo aí, para Buenos Aires (que respondia pela América Latina) para conversarmos, e perguntei se ele achava interessante eu levar algum material do Brasil. Ele disse que eu não precisava levar nada. Só que eu fiz. Cheguei à reunião, à entrevista, ele falou ‘você tinha me comentado a respeito do material’ e eu falei, está aqui. Na época, eu não falava espanhol, fiz toda a apresentação em inglês, mas havia tomado o cuidado de fazer todos os slides em espanhol. Foi engraçado porque depois de 32 slides ele perguntou se eu era casado, tinha filhos, porque agora
Prevenção
“Não vendemos medo e sempre falamos que não há programa 100% seguro. O que há são maneiras de aumentar a proteção. Nós avisamos, orientamos e o cliente diz que não quer, que não tem dinheiro . Mas aí, sofre um ataque”
ele só queria saber a respeito de minha vida pessoal, por- que já tinha respondido tudo sobre negócios. De uma manei- ra bastante humilde eu me an- tecipei, mostrando que tinha conhecimento real do merca- do. O desenho que então eu fiz da operação, na época eu não ti- nha muita informação, de co- mo a empresa iria atuar no Bra- sil, é exatamente o modelo que eu tenho desenhado hoje.
Qual é um fato marcante em sua carreira?
A montagem da Eset. A empre- sa me deu muita liberdade para estabelecer o modelo e o ritmo que eu achasse correto. Para fa- lar a verdade, eu não tinha para quem perguntar. A opção era ou eu mesmo fazer ou eu mes- mo fazer. Essa liberdade com autonomia resultou em duas opções: ou jogava tudo para o alto, isso é impossível, ou então fazer e levar esse negócio para a frente. Pode ser que exista gente que tivesse feito melhor, mas hoje a nossa realidade é es- ta: a empresa cresceu dois dígi- tos, temos um caminho gigan- tesco pela frente, o Brasil é um mercado vasto que tem uma série de oportunidades, e isso nos dá combustível para conti- nuar a tocar o negócio.
Qual é a sua marca?
Acho que são duas. Uma é a per- sistência. É você poder visualizar uma coisa, acreditar nela e persistir para que aconteça. Ou- tra coisa é que nenhuma empre- sa tem recursos infinitos e quando você tem recursos limi- tados, você tem de fazer esco- lhas, que acabam tendo de ser muito cirúrgicas para que pos- sa surgir algum tipo de efeito. E eu faço isso.
Qual é a maior dificuldade hoje para o seu trabalho?
É mostrar ao cliente a necessidade de proteção. Não vende- mos medo e sempre falamos que não existe programa 100% seguro. O que há são maneiras de aumentar a proteção. Nós avisamos, orientamos e o cliente diz que não quer, que hoje não tem dinheiro. Mas aí sofre com um problema como ataque de ransonware (infecção que propicia o ‘sequestro’ de máquinas) e liga aqui pergun- tando qual é o preço da solu- ção para ele. Não há solução. O certo seria ter comprado an- tes soluções adequadas.