Cultura contribui para que as mulheres sejam as mais atingidas
Especialista ressalta importância e peso da verbalização que pais e mães passam aos filhos, sobretudo na 1ª infância
O termo ‘síndrome do impostor’, conhecido desde os anos 1970, por meio do estudo feito pelas pesquisadoras da Universidade Dominicana da Califórnia. Rose Clance e Suzanne Imes apontaram que 70% das pessoas bem-sucedidas, a maior parte mulheres, estariam sujeitas à síndrome.
Psicóloga, coach e gestora de capital humano e de operações da Thomas Case, Márcia Vazquez diz que o fato de mulheres serem as maiores vítimas se deve a componentes psicológicos, porque ainda temos uma cultura que considera que algumas competências são masculinas, outras femininas.
“Sociologicamente, já sabemos que homens parecem ser privilegiados para determinadas funções, pois existem valores e papéis distintos, impostos pela cultura machista. Projetos desafiadores são para homens, porque a sociedade considera que eles têm características de personalidade para isso.”
Segundo ela, valores são condicionantes que estarão presentes para o resto da vida e, no geral, são consolidados na primeira infância, até os sete anos.
“Tudo isso faz com que as meninas, ao se tornarem mulheres, tenham autoestima baixa. Elas terão sempre o inconsciente lhes dizendo que não podem ocupar posições masculinas. É uma questão muito complexa.”
Nesse contexto, Márcia ressalta a importância e o peso existente na verbalização de pais e mães, e dos valores que eles passam desde a infância aos filhos. “E ainda criamos mulheres de forma diferente da de homens. Isso é muito perigoso.”
A psicóloga afirma que um apoio terapêutico, de amigos e de um mentor pode ajudar a superar a crença limitante de que mulheres não podem ocupar determinadas posições.
“Existem ambientes organizacionais nos quais as mulheres são bem-vindas e que consideram que as coisas funcionam melhor com elas. Em outros, os homens são mais bem-vindos. Isso pode ocorrer em unidades de uma mesma empresa instaladas em países diferentes.”