Marca fabrica produtos para pet, agricultura e linha de cosméticos
Sócios buscaram atividade que tivesse um propósito e estivesse relacionada com qualidade de vida
Após atuar como executiva no segmento de agronegócio, com comércio exterior e como headhunter da Fesa, empresa de recolocação profissional de executivos, Gabriela Lindemann se associou a Maurício Campos, que entre outras atividades foi executivo de marketing da Red Bull no Brasil, para criarem a Openeem.
Assim como ela, o executivo tinha saído da empresa e também estava tentando se entender no mundo. “Fazia tempo que ele estava buscando um projeto que tivesse a ver com qualidade de vida”, conta.
A ideia do negócio começou a ser esboçada quando Campos conheceu o pai de Gabriela, Sérgio Lindemann, que anos antes começou uma plantação de neem, em uma fazenda no Pará.
“Quando ele ouviu meu pai falando sobre a polivalência e os benefícios do neem, ele se encantou. Depois de conhecermos mais sobre as possibilidades da matéria-prima, estruturamos o projeto e fizemos uma proposta a meu pai, que foi aceita, para profissionalizarmos o processo que ele já vinha realizando no Pará. Ele fazia, de forma artesanal, produtos para o agronegócio e para uso humano.”
O que é. Gabriela diz que o neem foi aclamado pela Organização das Nações Unidas como a árvore de século 21, graças aos seus benefícios ambientais e medicinais. A planta tem mais de 140 princípios ativos e muitas possibilidades de aplicação.
“Na agricultura, o neem vem sendo usado como solução para recuperar áreas degradadas por erosão, como biodefensivo e como fertilizante. Na medicina ayurveda, é usado há mais de quatro mil anos para tratar pele, cabelo, sistema digestivo, como purificador sanguíneo etc.”
Foco. A empresária afirma que o primeiro ano do negócio foi muito complexo, porque quando começaram a pesquisa para definir os produtos que iriam produzir, mergulharam em um mundo de possibilidades.
Para definir a área de atuação, os sócios visitaram vários centros universitários de pesquisa, que possuem grande conhecimento concentrado sobre a espécie. Ao todo, a formatação do negócio levou dois anos e meio.
“Só agora estamos vendo o projeto se materializar. Nossos produtos estão tendo boa aceitação no mercado. A resposta dos produtos voltados ao agronegócio tem sido excelente. Estamos conseguindo entrar em revendas importantes.”
Segundo ela, os produtos da linha pet chegaram ao mercado em janeiro deste ano. “Temos loção de banho seco, spray repelente, sabonete e xampu”, conta a empresária.
A Openeem também está desenvolvendo linha cosmética humana. “Serão produtos 100% naturais, atóxicos e multifuncionais, porque o neem é muito bom como antioxidante, cicatrizante e bactericida. Então, ao usar um hidratante à base de neem, além de hidratar ele também vai reconstruir e proteger a pele.”
Gabriela diz que no blog Movimento Neem, inserido na plataforma da Openeem, tem vasta literatura contendo todo o conhecimento milenar e científico sobre a planta.
Expectativa. A meta dos sócios é faturar, neste ano, entre R$ 5 milhões e R$ 7 milhões com os produtos pet e agro. Já os primeiros produtos cosméticos serão lançados em outubro. “O custo dos nossos produtos são competitivos, principalmente porque temos plantação própria”, diz. O negocio emprega 15 pessoas e mantém a produção terceirizada.
Experiência. Gabriela afirma que valeu muito à pena mudar o rumo da carreira. “É muito bacana criar um negócio do zero e que tenha a sua cara e seus valores. Mas é preciso ter muita resiliência e ser muito dedicado.”
A empresária afirma que está há mais de dois anos trabalhando aos finais de semana. “Começo às 5 horas da manhã. É uma dedicação constante. No início, é como uma gestação e depois que o negócio é formatado e o produto lançado, é como um bebê que requer cuidado. Se não tiver total empenho e dedicação, não é dá para criar uma startup.”
Segundo ela, a forma de trabalhar também é outra, porque não tem equipe. “Temos de fazer desde coisas super estratégicas até as operacionais do dia a dia. É preciso ter disponibilidade de tempo e energia.”