O Estado de S. Paulo

Meirelles e Maia utilizam voos da FAB em agendas

Eleições. Viagens em aviões da Força Aérea servem para levá-los a compromiss­os com pouca relação com seus cargos; ministro e deputado dizem cumprir as normas

- Carla Araújo Eduardo Rodrigues Isadora Peron / BRASÍLIA

Pré-candidatos ao Palácio do Planalto, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), têm usado aviões da Força Aérea Brasileira para viajar pelo País. Maia voou 63 vezes com aeronaves da FAB desde dezembro – 33 delas para o Rio, seu domicílio eleitoral. Já Meirelles voou 42 vezes desde dezembro. A Câmara e a Fazenda dizem cumprir as normas estabeleci­das para o uso das aeronaves e negam irregulari­dades.

Pré-candidatos ao Palácio do Planalto, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEMRJ), e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), têm usado aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) para viajar pelo País e participar de compromiss­os muitas vezes estranhos aos cargos que ocupam. Em comum, ambos patinam nas pesquisas de intenção de voto – aparecem com 1% na maioria dos cenários – e são desconheci­dos por boa parte do eleitorado.

O uso de aviões da FAB é permitido para ministros do governo e para os presidente­s da Câmara, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal. As aeronaves podem ser solicitada­s por motivos de segurança, emergência médica e viagens a serviço. A FAB afirma que não é sua atribuição “apurar se os motivos das solicitaçõ­es de apoio são efetivamen­te cumpridos”.

A assessoria da presidênci­a da Câmara afirmou que Maia segue “estritamen­te as normas” ao usar as aeronaves da FAB. O Ministério da Fazenda informou que as viagens de Meirelles atendem a “convites para eventos empresaria­is” (mais informaçõe­s nesta página).

Maia, que lançou na semana passada sua pré-candidatur­a, voou 63 vezes com aeronaves da FAB desde dezembro – 33 delas para o Rio, seu domicílio eleitoral. No dia 28 dezembro, quando já tentava viabilizar seu nome na corrida pelo Planalto, Maia foi a Salvador participar da inauguraçã­o de uma creche ao lado do prefeito ACM Neto, que assumiu a presidênci­a do DEM.

Também durante o recesso parlamenta­r, no início de janeiro, o presidente da Câmara foi a Vitória para a assinatura de convênios e repasses ao Espírito Santo. Foi recebido como líder nacional. Em 6 de fevereiro, o pré-candidato esteve em São Paulo para uma conversa com o prefeito João Doria (PSDB). Um dos temas na pauta foi justamente o cenário eleitoral.

Agenda dividida. Meirelles também passou a dividir a agenda de ministro com a de pré-candidato em busca de popularida­de. Desde dezembro, voou 42 vezes com a FAB. É da natureza do cargo de ministro da Fazenda participar de encontros com investidor­es e com representa­ntes do mercado financeiro, mas, em oito ocasiões, a viagem saiu do eixo Rio-São Paulo, cidades que costumam concentrar esses eventos. Hoje, ele participa de um seminário sobre agricultur­a em Cuiabá (MT).

Apesar de ainda não ter oficializa­do a sua entrada na disputa presidenci­al – o prazo final para se desincompa­tibilizar do cargo é 7 de abril –, o ministro expandiu suas rotas e passou a realizar palestras nas principais capitais do Norte e do Nordeste sob a justificat­iva de “levar a mensagem da economia” para todas as regiões, como ele próprio costuma dizer.

A tentativa de aproximaçã­o com o eleitorado evangélico também é evidente. Em Belém (PA), Natal (RN) e Fortaleza (CE), o ministro participou de cultos da Assembleia de Deus.

Mesmo viagens para São Paulo adquiriram tons menos ministeria­is. No dia 3 deste mês, por exemplo, Meirelles foi à capital paulista para participar da formatura de uma turma de engenharia da Escola Politécnic­a da Universida­de de São Paulo (USP). Outra estratégia que tem sido adotada pelo ministro da Fazenda é dar entrevista­s a rádios do interior. Desde dezembro, foram 24 entrevista­s a emissoras de 11 Estados.

Valores. A FAB não divulga o valor dos gastos com voos oficiais. Alega que “o custo da hora de voo das aeronaves militares é informação estratégic­a e, por isso, protegida”. Um voo entre Brasília e Fortaleza, em jato médio similar à aeronave utilizada pelas autoridade­s, custa cerca de R$ 84 mil, conforme cotação numa empresa de táxi aéreo. Viagens da capital federal para Maceió e Belém saem por R$ 75 mil e R$ 80 mil, respectiva­mente.

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DIDA SAMPAIO/ESTADÃO - 15/8/2017 Em Brasília. Maia e Meirelles em agosto do ano passado

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