Correios entram em greve em todo o País
Paralisação tem o objetivo de evitar mudanças no plano de saúde dos funcionários; proposta prevê que trabalhadores paguem 25% do valor
Os funcionários dos Correios entram em greve hoje em todo o Brasil, por tempo indeterminado. O principal motivo da paralisação, que começou ontem às 22 horas, é evitar mudanças no plano de saúde dos funcionários, que envolvem a cobrança de mensalidades do titular e de dependentes.
A categoria cruza os braços no mesmo dia em que o Tribunal Superior do Trabalho (TST) começa julgamento referente ao plano de saúde, depois de trabalhadores e empresa terem, sem sucesso, tentado chegar a um acordo sobre a questão.
A proposta do TST é que os funcionários arquem com 25% do valor do plano, incluindo dependentes (cônjuges e filhos). Pais e mães seriam excluídos, considerando um período de
transição.
Segundo a Associação dos Profissionais dos Correios, 21 Estados mais o Distrito Federal aderiram à greve. Ficaram de fora Amapá, Amazonas, Roraima e Sergipe. No Piaí, haverá assembleia hoje para decidir sobre a adesão. Na última paralisação do tipo, no ano passado, a Justiça determinou que a estatal mantivesse 80% do seu pessoal efetivo trabalhando. Os Correios têm cerca de 106 mil funcionários em todo o País.
De acordo com a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), a direção da empresa quer que os funcionários arquem com mensalidades do plano, assim como a retirada de dependentes. Além disso, afirma, o benefício poderá ser reajustado conforme a idade, chegando a mensalidades acima de R$ 900.
A greve também servirá para protestar contra as alterações no Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS), a terceirização na área de tratamento, a privatização da empresa, suspensão das férias dos trabalhadores, extinção do diferencial de mercado e a redução do salário da área administrativa. A categoria defende ainda a contratação de novos funcionários via concurso público e o fim dos planos de demissão.
Problemas financeiros. Pelo quinto ano consecutivo, os Correios fecharam 2017 no vermelho – o balanço do ano passado ainda não foi publicado. A estatal, palco inaugural do mensalão há mais de dez anos, também registrou rombos em 2016 (R$ 1,5 bilhão), 2015 (R$ 2,1 bilhão), 2014 (R$ 20 milhões) e 2013 (R$ 312 milhões). Para tentar reverter a crise, além de propor alterações no plano de saúde dos empregados, a estatal fez um plano de demissão dos funcionários (PDV) e fechou agências.
Em nota, a estatal afirmou que a greve é um direito dos trabalhadores, mas que “serve apenas para agravar ainda mais a situação delicada pela qual passam os Correios e afeta não apenas a empresa, mas também os próprios empregados”.
A empresa disse que aguarda uma decisão conclusiva por parte do TST para tomar “medidas necessárias” em relação ao plano de saúde dos funcionários. E “ressalta que já não consegue sustentar as condições do plano, concedidas no auge do monopólio, quando os Correios tinham capacidade financeira para arcar com esses custos”.