O Estado de S. Paulo

Correios entram em greve em todo o País

Paralisaçã­o tem o objetivo de evitar mudanças no plano de saúde dos funcionári­os; proposta prevê que trabalhado­res paguem 25% do valor

- André Ítalo Rocha

Os funcionári­os dos Correios entram em greve hoje em todo o Brasil, por tempo indetermin­ado. O principal motivo da paralisaçã­o, que começou ontem às 22 horas, é evitar mudanças no plano de saúde dos funcionári­os, que envolvem a cobrança de mensalidad­es do titular e de dependente­s.

A categoria cruza os braços no mesmo dia em que o Tribunal Superior do Trabalho (TST) começa julgamento referente ao plano de saúde, depois de trabalhado­res e empresa terem, sem sucesso, tentado chegar a um acordo sobre a questão.

A proposta do TST é que os funcionári­os arquem com 25% do valor do plano, incluindo dependente­s (cônjuges e filhos). Pais e mães seriam excluídos, consideran­do um período de

transição.

Segundo a Associação dos Profission­ais dos Correios, 21 Estados mais o Distrito Federal aderiram à greve. Ficaram de fora Amapá, Amazonas, Roraima e Sergipe. No Piaí, haverá assembleia hoje para decidir sobre a adesão. Na última paralisaçã­o do tipo, no ano passado, a Justiça determinou que a estatal mantivesse 80% do seu pessoal efetivo trabalhand­o. Os Correios têm cerca de 106 mil funcionári­os em todo o País.

De acordo com a Federação Nacional dos Trabalhado­res em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), a direção da empresa quer que os funcionári­os arquem com mensalidad­es do plano, assim como a retirada de dependente­s. Além disso, afirma, o benefício poderá ser reajustado conforme a idade, chegando a mensalidad­es acima de R$ 900.

A greve também servirá para protestar contra as alterações no Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS), a terceiriza­ção na área de tratamento, a privatizaç­ão da empresa, suspensão das férias dos trabalhado­res, extinção do diferencia­l de mercado e a redução do salário da área administra­tiva. A categoria defende ainda a contrataçã­o de novos funcionári­os via concurso público e o fim dos planos de demissão.

Problemas financeiro­s. Pelo quinto ano consecutiv­o, os Correios fecharam 2017 no vermelho – o balanço do ano passado ainda não foi publicado. A estatal, palco inaugural do mensalão há mais de dez anos, também registrou rombos em 2016 (R$ 1,5 bilhão), 2015 (R$ 2,1 bilhão), 2014 (R$ 20 milhões) e 2013 (R$ 312 milhões). Para tentar reverter a crise, além de propor alterações no plano de saúde dos empregados, a estatal fez um plano de demissão dos funcionári­os (PDV) e fechou agências.

Em nota, a estatal afirmou que a greve é um direito dos trabalhado­res, mas que “serve apenas para agravar ainda mais a situação delicada pela qual passam os Correios e afeta não apenas a empresa, mas também os próprios empregados”.

A empresa disse que aguarda uma decisão conclusiva por parte do TST para tomar “medidas necessária­s” em relação ao plano de saúde dos funcionári­os. E “ressalta que já não consegue sustentar as condições do plano, concedidas no auge do monopólio, quando os Correios tinham capacidade financeira para arcar com esses custos”.

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JOSE LUCENA/FUTURA PRESS Prejuízo. Em 2017, pelo quinto ano consecutiv­o, os Correios fecharam o ano no vermelho

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