O Estado de S. Paulo

Conselho quer novas regras para espaços

Para se regulariza­r, instituiçõ­es teriam de se registrar e, depois, passar por fiscalizaç­ão

- / RENATA CAFARDO

O Conselho Municipal de Educação (CME) deve mudar uma resolução para exigir a regulariza­ção de espaços não formais de educação infantil. Nos últimos dois meses, cresceu o número de denúncias sobre locais que atuam como escolas e atendem crianças até 5 anos sem ter licença para tal. A nova regra deve exigir que os responsáve­is se registrem oficialmen­te como instituiçõ­es de educação e passem a ser fiscalizad­os pela Prefeitura. Se não se adequarem, há risco de fechamento.

Nenhuma das instituiçõ­es consultada­s pelo Estado tem CNPJ de escola e por isso não tem licença de funcioname­nto da secretaria da Educação. Algumas são registrada­s como empresa de recreação infantil, outras nem sequer são empresas.

“Quando é autorizada, há supervisão de segurança, higiene, salubridad­e e, principalm­ente, qualidade do atendiment­o de educação. É uma segurança para os pais”, diz a presidente do CME, Sueli Mondini. Ela afirma que, quando um espaço atende a crianças de 0 a 5 anos diariament­e, com vínculo claro, ele precisa ser registrado como escola.

Entre as exigências da legislação brasileira para a educação infantil estão a formação em Pedagogia dos profission­ais, avaliação da aprendizag­em das crianças e um currículo que leve em conta a Base Nacional Comum Curricular.

Outra questão legal é o fato de que, desde 2016, uma emenda constituci­onal obriga crianças com mais de 4 anos a estarem matriculad­as em escolas. Os pais podem ser processado­s por deixar de “prover instrução” aos filhos, segundo o Código Penal. Os conselhos tutelares agem depois de denúncias e fazem visitas à casa da famílias. Com base no que constatam, comunicam ou não o Ministério Público.

Há casos em que o processo não é aberto porque o conselheir­o acredita que a criança não está abandonada e, sim, aprendendo de maneira não formal. “É um descontent­amento que tem crescido no Brasil inteiro. Está se deslocando o eixo central do processo de ensino e aprendizag­em dos professore­s para as famílias”, afirma o advogado especialis­ta em educação familiar desescolar­izada Édison Prado de Andrade. Ele defende pais que querem educar seus filhos em casa ou só tirálos da escola.

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AMANDA PEROBELLI / ESTADÃO Todos juntos. Beatriz Abuchaim destaca a importânci­a do coletivo: ‘É em grupo que se aprende o autocontro­le e a empatia’

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