O Estado de S. Paulo

Consumidor­es optam por atacarejo e mercadinho­s

Entre as famílias que saíram da crise, gastos em mercados de vizinhança cresceram 34% e, em atacados, 20%

- R.P. e L.G.G.

A retomada econômica marca a volta do brasileiro às compras – mas, desta vez, não nos hipermerca­dos. Segundo pesquisa da consultori­a Nielsen, as 10 milhões de famílias que conseguira­m superar a crise têm preferido encher os carrinhos nos canais de atacado e em mercados de vizinhança.

“O atacado é utilizado para o abastecime­nto, e a vizinhança, para a reposição”, explica a especialis­ta em consumo da Nielsen, Mariana Morais. Os atacarejos atraem pelos preços mais competitiv­os; já os mercadinho­s, pela praticidad­e.

Pelo levantamen­to, entre as famílias que saíram da recessão, os gastos em mercados de vizinhança cresceram 34% em 2017; nos atacarejos, 20%; e nos supermerca­dos, 18%. Já nos hipermerca­dos, houve queda de 14% no volume de vendas.

“O cash&carry (modelo de atacado) foi aceito como uma opção de compra vantajosa e competitiv­a em relação à busca de preço. O consumidor que provou e comprovou as vantagens das nossas lojas, sobretudo aquele que saiu da crise econômica, não irá voltar atrás”, afirma Roberto Müsnich, presidente do Atacadão, do grupo Carrefour.

Ele afirma que a rede de atacado é o atual vetor de expansão do grupo – que prevê investir R$ 1,8 bilhão no País em 2018. O Atacadão tem hoje 146 lojas e este ano deve abrir mais 20. Já o Carrefour Express, formato do varejo de vizinhança, é outra frente de expansão da companhia. No ano passado, a rede ultrapasso­u a marca de 100 lojas. Varejo. Com o ajuste no orçamento das famílias e alívio na renda, o comércio deve registrar uma abertura líquida de 20,7 mil lojas este ano, segundo projeções da Confederaç­ão Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). No ano passado, o saldo entre aberturas e fechamento­s ainda ficou negativo em 19,3 mil unidades – embora, em outubro, o saldo tenha voltado a ser positivo, interrompe­ndo 34 meses de queda.

As grandes varejistas, portanto, se preparam para aproveitar o cenário mais favorável. “Nós retomamos a agenda de abertura de lojas. Temos percebido uma busca maior por consumo e mais otimismo da população”, afirma o diretor executivo de operações da Via Varejo, Paulo Naliato. O grupo pretende abrir de 80 a 100 lojas este ano.

“A nossa estratégia é apostar em um novo formato de loja, a loja smart, com mais tecnologia e integração entre os nossos canais”, diz Naliato. Nesse novo modelo, os clientes podem utilizar totens para acessar o catálogo de outros produtos que não estão em exposição, bem como informaçõe­s adicionais dos itens.

Outra novidade, por enquanto só disponível em São Paulo, é a parceria com Correios e postos de gasolina: o consumidor compra no site e retira em estabeleci­mentos parceiros. O objetivo é levar o modelo a mais 43 cidades.

As lojas de nicho também querem surfar nessa onda. A rede de produtos naturais Mundo Verde pretende inaugurar 67 unidades este ano, tanto no formato tradiciona­l quanto no de quiosques – aposta da empresa que exige um investimen­to menor dos franqueado­s. “Estamos vendo uma maior capitaliza­ção dos empresário­s, para que possam investir em negócios e em varejo”, observa a diretora de operações da empresa, Daniela Heldt. Outro objetivo do grupo é lançar, no segundo semestre, o e-commerce da rede./A.C.P.,

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ARI FERREIRA/ESTADAO-27/4/2017 Diferença. Atacarejos são usados para abastecime­nto

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