Doria oficializa candidatura ao governo do Estado
Pré-candidato. Um ano e dois meses depois de assumir a Prefeitura, tucano formaliza seu nome nas prévias do PSDB que vão definir o candidato ao Palácio dos Bandeirantes
Após 1 ano e 2 meses à frente da Prefeitura de São Paulo e depois de afirmar que completaria o mandato, João Doria (PSDB) confirmou ontem que vai renunciar ao cargo em abril para concorrer ao governo do Estado. Ele ainda terá de disputar a prévia do partido, no domingo. Até agora, o prefeito fechou aliança com o PSD, com Gilberto Kassab como vice em sua chapa. Com a saída de Doria, o vice, Bruno Covas, assume a cidade.
Um ano e dois meses após assumir o comando da maior cidade do País, ancorado por um discurso de gestor e não político que lhe garantiu uma vitória inédita no primeiro turno, o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), confirmou ontem que pretende renunciar ao cargo no mês que vem para disputar o governo do Estado. Mesmo tendo prometido diversas vezes cumprir seu mandato de quatro anos, o tucano formalizou a pré-candidatura ao Palácio dos Bandeirantes em um ato político na capital.
O prefeito vai participar, no próximo domingo, da prévia para definir o candidato da legenda. Além de Doria, estão na disputa o suplente de senador José Aníbal, o cientista político Luiz Felipe d’Ávila e o secretário estadual de Desenvolvimento Social, Floriano Pesaro.
A decisão de Doria foi anunciada em um evento organizado para dar um caráter de aclamação da militância. A inscrição do tucano nas prévias foi feita com 1.791 assinaturas de delegados do PSDB no Estado.
O discurso do prefeito foi formatado para rebater as críticas de que ele poderá deixar precocemente o cargo. Ele se disse “sensibilizado” e atribuiu o movimento à “militância do PSDB”. “Não pedi a ninguém, não convidei e não reivindiquei. Mas estou aqui”, afirmou.
Se vencer a disputa interna, Doria será o segundo tucano eleito prefeito de São Paulo a deixar o mandato para concorrer ao Palácio dos Bandeirantes. Em 2006, José Serra fez esse caminho e foi eleito governador (mais informações nesta página). Na época, porém, Serra não teve o nome submetido a uma prévia e gozava de uma taxa de aprovação superior à de Doria – 42% ante atuais 29%.
Quando questionado por aliados se repetirá Serra, Doria foge da comparação com o argumento de que não entregará o governo a outro partido. O vice-prefeito Bruno Covas – neto do exprefeito e ex-governador de São Paulo Mario Covas – é visto hoje como “fiador” e principal articulador da pré-campanha de Doria no PSDB.
“Nossa gestão sempre foi coletiva, não individual. É a soma de trabalho do Bruno Covas e João Doria”, disse o prefeito.
Após um discurso exaltado para a plateia que lotou o diretório, Doria foi questionado por jornalistas se seu projeto tem aval do governador Geraldo Alckmin. “Não é preciso aval do governador. É preciso aval do PSDB. O governador respeita a decisão partidária”, afirmou.
Aliados do prefeito devem pedir a Alckmin que tente convencer os outros pré-candidatos a desistir da disputa, como forma de pacificar a legenda. O governador, no entanto, tem resistido à ideia para não interferir na disputa interna do partido.
Alckmin. A entrada de Doria, porém, deve “nacionalizar” a disputa tucana em São Paulo. Depois de passar boa parte de seu primeiro ano de mandato tentando se colocar como opção ao Planalto, deixando o comando da cidade para viajar pelo País, Doria agora quer provar que sua candidatura pode agregar apoios a Alckmin.
O prefeito articula uma chapa com o PSD na vice e tenta atrair DEM e MDB. Mas, até agora, apenas a aliança com o PSD está fechada – o ministro e ex-prefeito Gilberto Kassab poderá ser o candidato a vice. Paulo Skaf (MDB) diz que não vai abrir mão de disputar o Bandeirantes. O DEM também pleiteia a candidatura a vice. “Fechamos um acordo nacional e em São Paulo com o PSD”, disse Doria.
O tucano também minimizou a possibilidade de a base de Alckmin ter dois palanques em São Paulo. Um do PSDB e outro do vice-governador, Márcio França (PSB). “Palanque duplo já foi feito em outras campanhas. Não há problema nenhum. Tenho respeito por ele (França). Teremos uma disputa elevada e construtiva. O grande adversário de São Paulo é o PT. Tenho falado com ele (França). Nossos canais estão abertos.”
O ato teve a presença de secretários municipais, vereadores, deputados federais e estaduais. Aliados e militantes vestiam camisetas com a inscrição “Dória governador”, grafada equivocadamente com o acento agudo.