Mexicanos prometem pular modelos de muro vistos por presidente
Trump vai à fronteira entre EUA e México e diz que imigrantes ilegais são ‘escaladores profissionais’
“Sem proibição! Sem muro!” Foi com esses gritos de protesto que o presidente dos EUA, Donald Trump, foi recebido ontem em San Diego, na Califórnia. Ele foi conhecer os protótipos de muro que o governo americano prometeu colocar na fronteira com o México para impedir a imigração ilegal.
Trump visitou a região de Otay Mesa, onde estão instalados e expostos oito modelos de muro que podem ser instalados em trechos da fronteira de 3,1 mil quilômetros entre EUA e México. As amostras, de nove metros de altura e paredes completamente lisas, foram construídas por seis companhias e cada uma custa entre US$ 300 mil e US$ 500 mil.
Autoridades da polícia de fronteira fizeram testes nos oito protótipos para ver se era possível escalar ou fazer buracos nos muros. Em razão das paredes lisas, chegar ao topo, mesmo com cordas, se mostrou impossível.
Os mexicanos duvidam. “O mais difícil é o muro que tem grades e pontas no alto, mas também pode ser vencido, só é um pouquinho complicado”, afirmou Eladio Sánchez, de 30 anos. Ele cruzou a fronteira ilegalmente pelo menos dez vezes.
No discurso, Trump criticou o governador da Califórnia, o democrata Jerry Brown, com quem entrou em guerra há duas semanas, ao processar o Estado por suas leis que facilitam a imigração e vão contra as políticas restritivas do governo federal. “Brown está fazendo um péssimo trabalho na Califórnia. O Estado tem os impostos mais altos, está fora de controle e qualquer um pode entrar aqui. A Califórnia está implorando pela construção desse muro”, disse. “Muitos imigrantes ilegais são como escaladores profissionais. Chegar no topo para eles é fácil”, disse Trump. “Precisamos construir um muro que seja impossível de ser escalado.”
Estima-se que 11 milhões de imigrantes em situação ilegal vivam nos EUA, a maioria mexicanos. “Eles são a prova de que é possível passar. E cada vez mais estarão passando mais mexicanos”, disse Sergio Tamai, fundador da ONG Anjos sem Fronteiras. “Vão procurar por onde passar. O desejo de querer passar não se tira.”