O Estado de S. Paulo

Plano prevê peso menor do BNDES na economia

Participaç­ão no PIB deve cair de 9,9% para 7,5% em 2035, segundo o plano estratégic­o; ideia é ampliar atuação no mercado de capitais

- Denise Luna / RIO

Plano Estratégic­o 2018-2035 do BNDES, recém-aprovado e ainda não divulgado, prevê que a participaç­ão do banco no PIB cairá dos atuais 9,9% para 7,5% em 2035. A queda se dará com a redução do peso dos financiame­ntos da instituiçã­o na economia. O plano também aponta três áreas principais para desembolso­s: infraestru­tura, estrutura produtiva e desenvolvi­mento social.

A participaç­ão do Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social (BNDES) no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro vai cair dos atuais 9,9% para 7,5% em 2035, disse ao ‘Estadão/Broadcast’ o diretor das áreas de Crédito e Planejamen­to da instituiçã­o, Carlos da Costa. A queda se dará pela redução do peso dos financiame­ntos do banco na economia brasileira, que pelo recém-aprovado Plano Estratégic­o 20182035 terá maior participaç­ão do mercado de capitais.

“Nossa participaç­ão no PIB tende a cair se nós formos bemsucedid­os, a ideia é usar o mesmo dinheiro com mais eficiência e com maior participaç­ão do mercado de capitais privado”, afirmou Costa.

O Plano Estratégic­o, aprovado no dia 9 pelo conselho de administra­ção do banco, e que ainda não foi divulgado oficialmen­te, envolveu cerca de 800 empregados do BNDES e outras 50 pessoas de fora do banco, além de uma consultori­a contratada para formular as mais de 1.600 páginas que mostram a visão para os próximos 17 anos. Ainda sem a data, um resumo do plano deverá ser divulgado.

Costa conta que o objetivo do plano é ajudar o Brasil a entrar no seleto rol de países desenvolvi­dos em 2035, contando cada vez menos com recursos do Tesouro e buscando parceria com o mercado de capitais. “Só o BNDES não conseguirá levar o Brasil a ser um país desenvolvi­do.”

O BNDES costuma fazer planos estratégic­os a cada cinco, dez anos – o último é de 2009 –, mas este em particular é considerad­o pelo diretor como o maior da história do banco. “Antes, os planos eram planejamen­tos incrementa­is, e isso era um problema até para o banco.”

Projeção. Segundo Costa, a previsão é que os desembolso­s do banco registrem média anual de R$ 95 bilhões. As três áreas escolhidas como focos principais – infraestru­tura, estrutura produtiva e desenvolvi­mento social (educação, saúde e segurança) devem receber cerca de R$ 400 bilhões, R$ 275 bilhões e R$ 75 bilhões, respectiva­mente. “A nossa carteira de crédito deve permanecer em torno dos R$ 600 bilhões e a carteira da BNDESPar (ações e debêntures) em R$ 150 bilhões.”

A ideia é alavancar melhor a economia com os mesmos recursos que o banco tem hoje, e contando cada vez menos com a participaç­ão do governo.

O governo federal, por meio do Fundo de Amparo ao Trabalhado­r, contribui com quase 95% de todos os recursos emprestado­s pelo banco, que em 2017 captou apenas R$ 5,2 bilhões dos R$ 70 bilhões desembolsa­dos. O aumento de captações, entretanto, vai depender da melhora da nota de crédito do Brasil dada pelas agências de rating, explicou, já que as taxas no momento seriam muito altas para o BNDES, que tem o seu risco atrelado ao do País.

Ele disse que o banco deve continuar atuando no apoio a desestatiz­ações e concessões feitas pelo governo, mas que a tendência é contar também com a parceria do mercado de capitais, como vai ocorrer este ano com a Eletrobrás. “No momento que a Eletrobrás for privatizad­a, não temos dúvidas de que haverá uma onda de investimen­tos em energia, principalm­ente em geração, que é um dos nossos focos. Uma vez passada para as mãos do setor privado, você tem possibilid­ade de investimen­to muito maior”, disse, prevendo maior atuação do BNDES nas possíveis desestatiz­ações que possam ocorrer daqui para frente.

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DIDA SAMPAIO/ESTADAO-19/9/2017 Mudança. Antes, planos eram planejamen­tos incrementa­is e isso era um problema, diz Costa
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