Protesto contra Previdência de SP deixa 3 feridos
Professores entraram em confronto com agentes de segurança; texto passou na CCJ
Professores protestaram ontem em São Paulo contra projeto de reforma da Previdência municipal que prevê aumento da alíquota de contribuição de 11% para 14%. Três ficaram feridos em confronto com guardas-civis.
Confrontos entre manifestantes, policiais e guardas-civis dentro e fora da Câmara de São Paulo marcaram o protesto feito ontem por servidores públicos, a maioria professores, contra o projeto de reforma da previdência municipal do prefeito João Doria (PSDB). O texto prevê aumento da alíquota de contribuição e um sistema complementar. Ao menos três pessoas ficaram feridas, segundo manifestantes. A proposta foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e precisa passar por mais duas comissões antes dos dois turnos de votação no plenário.
Doria elegeu a reforma da previdência como prioridade da gestão para ser aprovada até o dia 7, quando deve deixar a Prefeitura para disputar o governo estadual. Aliado do tucano, o presidente da Câmara, Milton Leite (DEM), tentou aprovar o projeto em mais duas comissões ontem, mas não houve quórum. Vereadores da própria base faltaram, com receio de que votos possam ter ônus político. A meta do governo é aprovar o projeto em primeiro turno na terça.
O protesto começou cedo, com professores acampados na porta da Câmara. A categoria está em greve desde o dia 8 contra a reforma. Mas foi no início da tarde, já durante a sessão da CCJ, que o tumulto começou.
Segundo testemunhas, manifestantes jogaram água e arremessaram objetos contra vereadores. O líder do governo, João Jorge (PSDB), teria sido atingido por uma garrafa de água. A Guarda Civil Metropolitana (GCM) que atua na Casa reagiu dando golpes de cassetete.
Vídeo feito por um funcionário da Câmara mostra a professora Luciana Xavier saindo com o rosto sangrando da confusão. No hospital foi constatada leve fratura no nariz. Ao menos outras duas pessoas ficaram feridas, segundo manifestantes.
Com a confusão, a sessão da CCJ foi suspensa e retomada só uma hora depois. O relatório do vereador Caio Miranda (PSB) a favor do projeto foi aprovado por 5 votos a 3. O embate se agravou do lado de fora. Manifestantes que haviam sido impedidos de entrar tentaram invadir a Casa usando grades de ferro para quebrar uma porta de vidro. A PM usou bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo para dispersar a multidão da frente do edifício.
Reações. Novo protesto deve ocorrer hoje à tarde, quando a Câmara faz audiência pública sobre a reforma. “Em países desenvolvidos, professores jamais seriam agredidos num ato de extrema covardia como aqui”, criticou a professora Amanda Sardei, de 39 anos.
Em nota, a presidência da Câmara disse que atuou “para garantir o amplo debate” do projeto e que “eventuais excessos” serão apurados. Segundo a PM, houve necessidade de intervenção e ninguém foi detido.
Para Doria, “houve excesso das duas partes” e a “invasão” não justifica nenhum tipo de violência. O secretário municipal da Educação, Alexandre Schneider, disse ser “lamentável” o tratamento aos professores.
Balanço da Prefeitura aponta que, das 1.550 escolas de gestão direta, 39% não funcionaram e 43% abriram parcialmente.