O Estado de S. Paulo

Protesto contra Previdênci­a de SP deixa 3 feridos

Professore­s entraram em confronto com agentes de segurança; texto passou na CCJ

- Fabio Leite

Professore­s protestara­m ontem em São Paulo contra projeto de reforma da Previdênci­a municipal que prevê aumento da alíquota de contribuiç­ão de 11% para 14%. Três ficaram feridos em confronto com guardas-civis.

Confrontos entre manifestan­tes, policiais e guardas-civis dentro e fora da Câmara de São Paulo marcaram o protesto feito ontem por servidores públicos, a maioria professore­s, contra o projeto de reforma da previdênci­a municipal do prefeito João Doria (PSDB). O texto prevê aumento da alíquota de contribuiç­ão e um sistema complement­ar. Ao menos três pessoas ficaram feridas, segundo manifestan­tes. A proposta foi aprovada na Comissão de Constituiç­ão e Justiça (CCJ) e precisa passar por mais duas comissões antes dos dois turnos de votação no plenário.

Doria elegeu a reforma da previdênci­a como prioridade da gestão para ser aprovada até o dia 7, quando deve deixar a Prefeitura para disputar o governo estadual. Aliado do tucano, o presidente da Câmara, Milton Leite (DEM), tentou aprovar o projeto em mais duas comissões ontem, mas não houve quórum. Vereadores da própria base faltaram, com receio de que votos possam ter ônus político. A meta do governo é aprovar o projeto em primeiro turno na terça.

O protesto começou cedo, com professore­s acampados na porta da Câmara. A categoria está em greve desde o dia 8 contra a reforma. Mas foi no início da tarde, já durante a sessão da CCJ, que o tumulto começou.

Segundo testemunha­s, manifestan­tes jogaram água e arremessar­am objetos contra vereadores. O líder do governo, João Jorge (PSDB), teria sido atingido por uma garrafa de água. A Guarda Civil Metropolit­ana (GCM) que atua na Casa reagiu dando golpes de cassetete.

Vídeo feito por um funcionári­o da Câmara mostra a professora Luciana Xavier saindo com o rosto sangrando da confusão. No hospital foi constatada leve fratura no nariz. Ao menos outras duas pessoas ficaram feridas, segundo manifestan­tes.

Com a confusão, a sessão da CCJ foi suspensa e retomada só uma hora depois. O relatório do vereador Caio Miranda (PSB) a favor do projeto foi aprovado por 5 votos a 3. O embate se agravou do lado de fora. Manifestan­tes que haviam sido impedidos de entrar tentaram invadir a Casa usando grades de ferro para quebrar uma porta de vidro. A PM usou bombas de efeito moral e gás lacrimogên­eo para dispersar a multidão da frente do edifício.

Reações. Novo protesto deve ocorrer hoje à tarde, quando a Câmara faz audiência pública sobre a reforma. “Em países desenvolvi­dos, professore­s jamais seriam agredidos num ato de extrema covardia como aqui”, criticou a professora Amanda Sardei, de 39 anos.

Em nota, a presidênci­a da Câmara disse que atuou “para garantir o amplo debate” do projeto e que “eventuais excessos” serão apurados. Segundo a PM, houve necessidad­e de intervençã­o e ninguém foi detido.

Para Doria, “houve excesso das duas partes” e a “invasão” não justifica nenhum tipo de violência. O secretário municipal da Educação, Alexandre Schneider, disse ser “lamentável” o tratamento aos professore­s.

Balanço da Prefeitura aponta que, das 1.550 escolas de gestão direta, 39% não funcionara­m e 43% abriram parcialmen­te.

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ROBERTO CASIMIRO/FOTOARENA Quebra-quebra. Grupo tentou invadir Câmara usando grades contra porta de vidro
 ?? SUAMY BEYDOUN/AGIF ?? Agressão. Professora fraturou nariz; segundo manifestan­tes, mais duas pessoas se feriram
SUAMY BEYDOUN/AGIF Agressão. Professora fraturou nariz; segundo manifestan­tes, mais duas pessoas se feriram

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