O Estado de S. Paulo

Lula aumenta pressão no STF

Petistas focam no ministro Edson Fachin para barrar possível prisão do ex-presidente

- Amanda Pupo Breno Pires Isadora Peron / BRASÍLIA

O PT aumentou a pressão sobre o Supremo para tentar impedir a prisão de Lula. Ontem, o defensor do petista, Sepúlveda Pertence, foi à presidente do STF, ministra Cármen Lúcia. À tarde, parlamenta­res petistas também pressionar­am. Ordem é mirar no relator, Edson Fachin.

O PT aumentou ontem a pressão sobre o Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar impedir a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sem espaço de negociação com a presidente da Corte, Cármen Lúcia, os petistas passaram a focar no ministro Edson Fachin, que é relator de um habeas corpus para tentar garantir a liberdade do expresiden­te.

Pela manhã, o advogado de Lula e ex-ministro do STF, Sepúlveda Pertence, admitiu a mudança da estratégia após se encontrar com Cármen Lúcia. “Temos que trabalhar agora junto ao ministro Fachin”, disse.

Cerca de 20 deputados do PT também se reuniram com a presidente do Supremo no fim da tarde. O líder do partido na Câmara, deputado Paulo Pimenta (RJ), entregou um documento à ministra a favor de Lula e que, segundo ele, foi assinado por líderes de 13 partidos, totalizand­o o apoio de 306 deputados.

Em ambos os encontros, a presidente do STF reiterou que não vai levar a julgamento nenhuma das ações que discutem a prisão após condenação em segunda instância. Cármen não sinalizou que pretende pautar o habeas corpus de Lula. No entanto, nas duas audiências, afirmou que nada impede o relator de levar o pedido de liberdade a julgamento. Bastaria que Fachin, durante a sessão plenária, colocasse o habeas corpus “em mesa”, como se diz no jargão jurídico, o que obrigaria a análise pelo conjunto de ministros.

Ontem mesmo, deputados do PT pediram uma audiência com Fachin para falar da situação do ex-presidente. “Habeas corpus é uma matéria prioritári­a. Há um gesto que depende do relator”, afirmou o deputado Paulo Pimenta (RS), após reunião com a ministra.

Sepúlveda e o advogado Cristiane Zanin, que também faz parte da equipe de defesa de Lula, acompanhar­am a sessão do plenário do Supremo, e, ao final, conversara­m com Fachin. “Agora é esperar o pronunciam­ento do ministro”, disse Zanin.

Novo pedido. Além da pressão política, a defesa de Lula protocolou um novo pedido para que o ministro reconsider­e a decisão liminar que negou o habeas corpus de Lula, em fevereiro, e suspenda a ordem de prisão contra o ex-presidente até que as ações que discutem o cumpriment­o de sentença após condenação em segunda instância sejam discutidas no plenário. Se Fachin não atender a esses pedidos, a defesa pede que o ministro leve o habeas corpus para análise de mérito da Segunda Turma do STF, e retire a responsabi­lidade do plenário.

Em último caso, os advogados requerem que Fachin coloque o habeas corpus em mesa, o que faria o plenário analisar o pedido sem que a presidente paute.

Posição mantida. Apesar dos apelos, Fachin já afirmou que tomou a sua decisão ao negar o HC de Lula e que, desta forma, não há pendência de resposta do Supremo quanto ao caso do ex-presidente. O ministro também tem dado declaraçõe­s de que não vai rever a sua posição em relação à prisão após a condenação em segunda instância.

“O entendimen­to que tenho sobre essa matéria é um entendimen­to que deriva de uma convicção consolidad­a. O Supremo já se manifestou sobre esse tema A 8ª Turma do TRF-4 concedeu mandado de segurança impetrado pela defesa de Lula e determinou a destruição dos áudios gravados em um dos ramais do escritório Teixeira, Martins e Advogados.

Destruição dos áudios

três vezes, inclusive uma no âmbito de repercussã­o geral”, afirmou Fachin em entrevista na última segunda-feira.

E completou: “A rediscussã­o fica a cargo da presidente do Supremo, e apoio a condução que a presidente fizer num ou outro sentido (pautar ou não). Mas não vejo razões teóricas nem práticas para alterar essa deliberaçã­o. Se vier a ser pautado, e reapreciad­o, meu entendimen­to seguirá inalterado”.

Votos. A jurisprudê­ncia atual do STF, definida no fim de 2016, por 6 votos a 5, é de que é cabível a prisão após a condenação em segunda instância. A defesa de Lula quer a revisão desse entendimen­to, para que ele possa responder em liberdade até o trânsito em julgado (esgotament­o de possibilid­ade de recorrer).

Como o ministro Gilmar Mendes indicou que pode mudar de voto, os advogados esperam que um novo julgamento das ações que tratam do tema de maneira mais ampla possibilit­e a concessão do habeas corpus a Lula. Líderes do PT, no entanto, já preveem a possibilid­ade de o ex-presidente ser preso antes da Páscoa, em 1.º de abril.

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AÍLTON DE FREITAS/AGÊNCIA O GLOBO
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ANDRE DUSEK/ESTADAO Encontro. Ministra Cármen Lúcia (de costas) conversa com o advogado Sepúlveda Pertence na sala da presidênci­a do STF
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ANDRE DUSEK/ESTADAO Em grupo. Deputados do PT e da oposição vão ao Supremo Tribunal Federal

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