O Estado de S. Paulo

Cientista genial, ícone de superação e celebridad­e

- George Matsas É PROFESSOR DO INSTITUTO DE FÍSICA TEÓRICA DA UNIVERSIDA­DE ESTADUAL PAULISTA (UNESP)

Omundo acordou ontem empobrecid­o. Stephen Hawking partiu. Cambridge nunca mais verá aquela figura esquálida, quase líquida, cruzando seus jardins em sua cadeira de rodas. Mais de 50 anos atrás, quando ingressou como estudante de Física na Universida­de de Oxford, seria impossível que alguém antecipass­e o que se tornaria: cientista genial, ícone de superação humana, celebridad­e mundial.

As maiores contribuiç­ões de Hawking se dariam após seu doutorado, quando suas atenções se voltaram para os objetos mais exóticos do cosmos: os buracos negros. Apesar de terem sido preditos por Albert Einstein, até mesmo seu criador duvidava que eles pudessem existir na natureza. Hoje, são uma realidade.

Recebida com ceticismo no início, a descoberta de Hawking tem sido corroborad­a teoricamen­te desde então e inspirado outros grandes achados. Infelizmen­te, o efeito é sutil para ser observado diretament­e na natureza, o que o impediu de ganhar o Nobel. Mas em 1979 recebeu honraria ainda mais rara, ao assumir a cátedra de Professor Lucassiano da Universida­de de Cambridge, antes ocupada pelo inigualáve­l Isaac Newton.

O anúncio da morte de Hawking, por mais previsível que fosse, soa paradoxalm­ente como algo insólito. Estávamos acostumado­s a vê-lo driblar a morte para lembrarmos que ele também era humano. Mesmo assim, encontrou uma forma triunfal de partir. Não podendo agarrar-se à vida para sempre, deixou-a quando já havia se feito imortal. Obrigado por tudo, professor Hawking.

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