Diálogo pode evitar atritos irreversíveis, diz Azevêdo
Diretor-geral da OMC afirmou ontem no Fórum Econômico que acredita na possibilidade de negociação com EUA
O temor de uma guerra comercial na economia mundial após os EUA decidirem elevar as tarifas de importação sobre o aço e o alumínio dominou as preocupações de dirigentes e empresários que participaram dos debates do primeiro dia do Fórum Econômico Mundial em São Paulo. O assunto foi alvo de vários debates ao longo do dia.
O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, afirmou que a sobretaxa anunciada por Donald Trump aumentou a chance de uma guerra comercial entre países. Mas o brasileiro disse acreditar na possibilidade de um diálogo para mitigar os impactos da medida tomada pelo presidente dos EUA. O diálogo com a Casa Branca, reforçou Azevêdo, pode evitar atritos irreversíveis entre as economias.
A falta de negociações com os EUA pode trazer consequências negativas para a economia mundial, avaliou o brasileiro. “Se houver efetivamente uma situação de quebra de diálogo e adoção de medidas unilaterais em retaliação, isso me preocupa porque pode causar um efeito dominó que é difícil de prever a extensão e a duração”, disse Azevêdo a jornalistas durante o fórum, onde participou de dois painéis.
Ele afirmou que praticamente todos os países afetados pela sobretaxação já o procuraram para conversar, em uma tentativa de resolver o problema. Questionado se já havia conversado com o governo americano sobre o assunto, Azevêdo disse que estava falando “com todos”.
Do lado brasileiro, ele já debateu a questão com o presidente Michel Temer e com os ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, e da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Jorge. “O Brasil não descartou nenhuma possibilidade, inclusive um litígio na Organização Mundial do Comércio; é uma possibilidade, mas não é a única”, destacou.
Diálogo. Para ele, o início das conversas é um bom indicativo. “O momento atual é melhor do que o que estávamos antes. Pelo menos começou um diálogo entre as partes que estão sendo afetadas. E isso é um caminho. Não resta a menor dúvida de que, sem o diálogo, não vamos encontrar solução nenhuma”, disse.
Apesar de afirmar que se preocupa com o “efeito sistêmico” da medida americana, o brasileiro lembrou que as medidas protecionistas não costumam ser uma ameaça ao comércio global. “De 2008 até agora, só 5% do comércio mundial foi afetado por medidas que possam ser consideradas restritivas. É uma prova que as regras multilaterais funcionam”, disse.