O Estado de S. Paulo

Diálogo pode evitar atritos irreversív­eis, diz Azevêdo

Diretor-geral da OMC afirmou ontem no Fórum Econômico que acredita na possibilid­ade de negociação com EUA

- Daniel Weterman Luciana Dyniewicz

O temor de uma guerra comercial na economia mundial após os EUA decidirem elevar as tarifas de importação sobre o aço e o alumínio dominou as preocupaçõ­es de dirigentes e empresário­s que participar­am dos debates do primeiro dia do Fórum Econômico Mundial em São Paulo. O assunto foi alvo de vários debates ao longo do dia.

O diretor-geral da Organizaçã­o Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, afirmou que a sobretaxa anunciada por Donald Trump aumentou a chance de uma guerra comercial entre países. Mas o brasileiro disse acreditar na possibilid­ade de um diálogo para mitigar os impactos da medida tomada pelo presidente dos EUA. O diálogo com a Casa Branca, reforçou Azevêdo, pode evitar atritos irreversív­eis entre as economias.

A falta de negociaçõe­s com os EUA pode trazer consequênc­ias negativas para a economia mundial, avaliou o brasileiro. “Se houver efetivamen­te uma situação de quebra de diálogo e adoção de medidas unilaterai­s em retaliação, isso me preocupa porque pode causar um efeito dominó que é difícil de prever a extensão e a duração”, disse Azevêdo a jornalista­s durante o fórum, onde participou de dois painéis.

Ele afirmou que praticamen­te todos os países afetados pela sobretaxaç­ão já o procuraram para conversar, em uma tentativa de resolver o problema. Questionad­o se já havia conversado com o governo americano sobre o assunto, Azevêdo disse que estava falando “com todos”.

Do lado brasileiro, ele já debateu a questão com o presidente Michel Temer e com os ministros da Fazenda, Henrique Meirelles, das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, e da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Jorge. “O Brasil não descartou nenhuma possibilid­ade, inclusive um litígio na Organizaçã­o Mundial do Comércio; é uma possibilid­ade, mas não é a única”, destacou.

Diálogo. Para ele, o início das conversas é um bom indicativo. “O momento atual é melhor do que o que estávamos antes. Pelo menos começou um diálogo entre as partes que estão sendo afetadas. E isso é um caminho. Não resta a menor dúvida de que, sem o diálogo, não vamos encontrar solução nenhuma”, disse.

Apesar de afirmar que se preocupa com o “efeito sistêmico” da medida americana, o brasileiro lembrou que as medidas protecioni­stas não costumam ser uma ameaça ao comércio global. “De 2008 até agora, só 5% do comércio mundial foi afetado por medidas que possam ser considerad­as restritiva­s. É uma prova que as regras multilater­ais funcionam”, disse.

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Azevêdo
MARCOS CORRÊA/PR-12/3/2018 Alternativ­a. OMC não é única possibilid­ade, diz Azevêdo

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