O Estado de S. Paulo

Suzano compra Fibria e cria gigante de R$ 84 bi

Aquisição. Família Feffer, dona da Suzano, terá o controle acionário da nova companhia, com 46,4% de participaç­ão; operação, que dá origem à quinta maior empresa na bolsa brasileira, prevê troca de ações e um pagamento de R$ 29 bilhões aos acionistas da F

- Mônica Scaramuzzo / COLABORARA­M EDUARDO LAGUNA E FABIANA HOLTZ

A Suzano comprou a rival Fibria, líder na produção global de celulose, criando uma gigante com produção de 11 milhões de toneladas, avaliada em R$ 84 bilhões. A operação prevê o desembolso de R$ 29 bilhões à vista pela Suzano.

A Suzano, da família Feffer, anunciou ontem acordo para unir os negócios com sua maior rival, a Fibria, líder na produção global de celulose, criando uma gigante do setor, com produção de 11 milhões de toneladas. Após algumas tentativas frustradas no passado, as conversas para a união das duas empresas foram retomadas nas últimas semanas, conforme antecipou o ‘Estado’. A operação prevê troca de ações e o pagamento de R$ 29 bilhões da Suzano aos acionistas da Fibria para que os Feffer assumam o controle acionário da nova companhia, com fatia de 46,4%.

Pelo acordo, a união entre as duas empresas cria a quinta maior companhia em valor de mercado, avaliada em R$ 84 bilhões (incluindo dívidas), atrás de Petrobrás, Ambev, Vale e Telefônica. A nova gigante da celulose terá quase o dobro de tamanho das empresas da família Widjaja, dona Paper Excellence e da Asia Pulp and Paper (APP), que também estava no páreo pela Fibria. A família indonésia é sócia da Eldorado, ao lado da J&F, dos irmãos Batista.

Para selar o acordo, a Suzano precisou do aval dos acionistas controlado­res da Fibria – o grupo Votorantim e o braço de participaç­ão do Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social (BNDESPar), que possuem, respectiva­mente, fatias de 29,42% e 29,08% na líder de celulose. Tanto os Ermirio de Moraes quanto o BNDESPar vão receber, cada um, cerca de R$ 8,5 bilhões em dinheiro. Os R$ 12 bilhões restantes vão para os acionistas minoritári­os.

O BNDESPAr, que também é acionista da Suzano, com 6,9% de fatia, ficará com uma participaç­ão 11,1% na nova empresa e a família Ermírio de Moraes, com 5,6%. “Foi um alinhament­o dos astros a concretiza­ção dessa operação”, disse Walter Schalka, presidente da Suzano e um dos responsáve­is pela condução das negociaçõe­s.

Para viabilizar a união das empresas, a Suzano propôs pagar aos acionistas da Fibria R$ 52,50 por ação, corrigidos pelo CDI, além de 0,4611 ação da Suzano. A operação prevê emissão pela Suzano de 255 milhões de novas ações. Todas essas etapas só vão ocorrer quando as empresas receberem aval das autoridade­s de defesa da concorrênc­ia. A Suzano levantou US$ 9,2 bilhões com os bancos Mizuho, JP Morgan, BNP Paribas e Rabobank. O Itaú BBA, o escritório Cescon Barrieu e a consultori­a financeira Riza assessorar­am a Suzano. Já a Fibria contou com o banco Morgan Stanley e o escritório Tozzini Freire.

Gigante mundial. “Não teremos uma campeã nacional, mas uma gigante global com competitiv­idade para fazer frente aos principais concorrent­es”, disse ontem Paulo Rabello de Castro, presidente do BNDES, durante o anúncio oficial da união das duas empresas.

As ações das duas companhias fecharam como destaques do Bovespa, mas em sentidos opostos. Os papéis ordinários (ON) da Suzano dispararam 21,79%, a R$ 28,50, enquanto os da Fibria recuaram 10,22%, a R$ 64,25. O valor de mercado das duas empresas, juntas, na Bolsa fechou ontem em R$ 66 bilhões. A operação, com potencial para mudar a dinâmica do mercado de global de celulose e que dará mais poder ao Brasil na queda de braço com a China, deve se destacar com uma das maiores transações de fusões e aquisições no mercado brasileiro deste ano.

Analistas dizem que o negócio é bom para as duas produtoras de celulose, mas que, no curto prazo, os acionistas da Suzano terão mais vantagens que os da Fibria, por causa do valor a ser pago pela primeira.

Ontem, a agência de classifica­ção de risco S&P Global elevou o rating em escala global da Suzano de BB+ para BBB- e reafirmou a nota em escala nacional em brAAA. A perspectiv­a foi alterada de positiva para estável. Já o rating em escala global da Fibria foi reafirmado em BBB-, com perspectiv­a estável.

Em comunicado, a S&P comentou que a elevação da nota da Suzano reflete a visão da agência de que a empresa está “empenhada em conter sua alavancage­m dentro dos limites de sua política financeira”.

Para a S&P, a transação feita pelas duas empresas “não fará com que a Suzano se desvie de seus padrões de alavancage­m, dado o histórico da empresa e nossa confiança em termos do nível sustentáve­l de métricas de crédito da Suzano”.

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EMPRESAS E PÖYRY INFOGRÁFIC­O/ESTADÃO FONTE:

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