O Estado de S. Paulo

Articulaçã­o de França isola PT em São Paulo

Aliados históricos dos petistas, como PCdoB e PDT, negociam com o vice-governador do PSB, que assume Bandeirant­es

- Pedro Venceslau Ricardo Galhardo

O PT já admite a possibilid­ade de, pela primeira vez, ir para a disputa pelo governo de São Paulo sem o apoio de nenhuma outra legenda. O possível isolamento do partido na disputa estadual é resultado da articulaçã­o do vice-governador Márcio França (PSB) – que vai concorrer à reeleição após assumir o Palácio dos Bandeirant­es no início de abril, quando o governador Geraldo Alckmin deixa o cargo para ser o candidato tucano à Presidênci­a.

A única esperança dos petistas é que um acordo nacional com PCdoB e PDT, dois aliados históricos, culmine em um alinhament­o em torno da candidatur­a de Luiz Marinho. “Gostaríamo­s que o PCdoB estivesse conosco, mas fazer o quê? O cenário caminha para o PT sair sozinho no Estado”, afirmou o exdeputado Jilmar Tatto, pré-candidato do PT ao Senado.

Após apoiar candidatos petistas em São Paulo nos últimos 29 anos, o PCdoB está próximo de fechar um acordo com França. Dirigentes do PDT dizem reservadam­ente que o partido tem conversas avançadas com o vice-governador. No próximo dia 24, o PT realiza o encontro estadual que vai definir o candidato a governador e senador. O exprefeito de Guarulhos Elói Pietá ainda tenta a vaga prometida ao ex-prefeito de São Bernardo do Campo e um dos petistas mais próximos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em público, petistas dizem confiar no cresciment­o da candidatur­a de Marinho. Eles argumentam que existe um cansaço do eleitor paulista em relação aos governos do PSDB e que o petista poderia explorar este sentimento durante a campanha. Em conversas reservadas, no entanto, a sensação é de desânimo. Com pouco dinheiro, sem alianças, número reduzido de prefeitura­s e um forte sentimento antipetist­a no Estado, o partido avalia ter poucas chances de vitória.

Muitos petistas ainda têm na lembrança a derrota histórica que o partido sofreu nas eleições municipais de 2016, quando caiu de 72 prefeitura­s (entre elas São Paulo) para apenas 8 (a maior delas Araraquara, com 230 mil habitantes).

Para eles, o resultado é uma prévia do desempenho que o partido terá nas urnas paulistas este ano. Alguns chegaram a avaliar que o melhor nome para a disputa seria do ex-prefeito da capital Fernando Haddad que, apesar de derrotado há dois anos, seria um nome mais competitiv­o. Contudo, a tentativa de troca fracassou.

Foco. A ordem no partido é evitar a qualquer custo hostilidad­es contra França e focar as críticas em João Doria (PSDB). Petistas admitem apoiar o vice em um eventual segundo turno como parte de um acordo nacional com o PSB, a depender do resultado da disputa.

Marinho esteve no domingo

passado com lideranças do PCdoB. Segundo fontes do partido, ele ofereceu as vagas de vice ou ao Senado, além de uma coligação proporcion­al, em troca

de apoio, mas saiu da reunião desanimado. De acordo com pessoas próximas, o petista avalia não ter como oferecer algo mais valioso do que a participaç­ão no governo estadual, principal moeda de França.

“Márcio França nos convidou para participar do governo e da coligação. Estamos avaliando”, disse o deputado federal Orlando Silva, presidente do PCdoB-SP. O dirigente ressaltou a “relação histórica” que existe entre PCdoB, PDT e PSB.

“A candidatur­a dele (França) é importante porque pode organizar outro quadro de forças em São Paulo após 24 anos de governo tucano. Quebrar a hegemonia do PSDB motiva nosso diálogo com Márcio França”, disse o deputado.

Petistas disseram que o presidente do PDT, Carlos Lupi, teria garantido que poderia lançar candidato próprio em São Paulo. Pessoas ligadas a Lupi, no entanto, negam o acordo e dizem que o apoio dependerá da conjuntura nacional.

“A candidatur­a dele (França) é importante porque pode organizar outro quadro de forças em São Paulo após 24 anos de governo tucano.” Orlando Silva

PRESIDENTE DO PCdoB-SP

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AMANDA PEROBELLI/ESTADAO-1/11/2017 Desânimo. Pré-candidato petista ao governo do Estado, Luiz Marinho tenta firmar alianças

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