Vice de presidente do Peru diz que destituição é golpe
Pedro Pablo Kuczynski enfrenta processo de impeachment por envolvimento com empreiteira Odebrecht
A segunda vice-presidente do Peru, Mercedes Aráoz, que poderá substituir Pedro Pablo Kuczynski (PPK) caso ele seja destituído pela votação de impeachment a que será submetido no dia 22, declarou ontem que o novo processo de afastamento aprovado pelo Congresso tem a intenção de dar “um golpe de Estado parlamentar”.
Kuczynski é acusado de ter sido beneficiado ilegalmente pela empreiteira brasileira Odebrecht em pelo menos duas oportunidades. Assim como o processo de impeachment enfrentado por PPK no fim de dezembro, a nova moção – aprovada por 87 congressistas, o exato número de votos necessários para a destituição – pretende declarar a presidência vaga por “incapacidade moral” do presidente. Em dezembro, PPK conseguiu reverter o voto de parlamentares fujimoristas – dias depois, ele concedeu um indulto ao ex-presidente Alberto Fujimori, condenado por crimes contra a humanidade.
“Não é porque queiram derrubar somente o presidente. Querem derrubar o procurador do país, o Tribunal Constitucional, tomar todo o poder”, disse Aráoz.
PPK recebeu ontem em sua residência integrantes do comitê do Congresso responsável pela investigação da Lava Jato no país, para ser interrogado a respeito de seus vínculos com a Odebrecht. Quando enfrentou a votação de impeachment, em 21 de dezembro, Kuczynski foi acusado de ter mentido sobre uma consultoria de US$ 782 mil feita à Odebrecht quando ele era ministro da Economia do ex-presidente Alejandro Toledo, entre 2004 e 2006.
Fraudes. Ontem, o presidente peruano foi questionado sobre as rodovias Interoceânica Sul e Norte. A Odebrecht afirma que pagou US$ 20 milhões a Toledo para obter a licitação da obra, o que o expresidente nega. Kuczynski era o ministro encarregado dos contratos públicos no governo de Toledo.