Vítimas de Assad denunciam uso de gás napalm na Síria
Bombardeios foram feitos pelo regime sírio, que tenta retomar o enclave rebelde de Ghouta Oriental
Ataques aéreos mataram mais de 100 pessoas ontem em cidades do enclave rebelde de Ghouta Oriental, leste da capital, Damasco. Vítimas dos ataques relataram que as forças de Bashar Assad usaram gás napalm e bombas de fragmentação. Segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), ONG que monitora o conflito, havia entre as vítimas mulheres e crianças.
As forças sírias intensificaram ontem sua ofensiva contra o enclave rebelde de Ghouta Oriental, apoiadas por ataques aéreos russos, para tentar retomar algumas cidades que ainda estão em poder dos rebeldes.
Em Kafr Batna, os ataques mataram 64 pessoas. Em Saqba, 22 pessoas. Outras 14 morreram em Jisreen. Segundo a ONG Defesa Civil da Síria, cujos voluntários são conhecidos como capacetes brancos, as vítimas estavam em um mercado em uma área residencial. Segundo a ONG, as forças do regime também usaram gás napalm contra a população. Em vídeos e fotos postados no Twitter dos capacetes brancos, é possível ver os corpos de ao menos dez crianças carbonizados, com sinais de uso do agente químico. A American Medical Society, que atua na região, afirmou que os sobreviventes em Kafr Batna tinham “queimaduras graves”.
O médico Zouhair Kahaleh, que presta atendimento na cidade vizinha, Arbeen, disse que as ruas estavam fechadas. “Não podemos tratar alguns dos casos aqui em razão da intensidade dos ataques aéreos.” Os bombardeios ocorreram nos dois dias em que o maior número de civis tentou deixar a região. Entre quinta-feira e ontem, mais de 14 mil civis fugiram de Ghouta Oriental. Desde fevereiro, o regime de Assad retomou 70% da área e matou pelo menos 1.300 civis.
Outras 27 pessoas morreram em mais um dia de ofensiva turca na região de Afrin, reduto curdo no norte da Síria. Soldados turcos e forças aliadas do regime de Assad tentam retomar a cidade dos curdos desde o fim de janeiro.