O Estado de S. Paulo

Em depoimento, assessora disse não ter visto atirador

Sobreviven­te afirmou que funcionári­a de Marielle foi abordada em tom de ameaça dias antes, segundo TV Globo

- ROBERTA JANSEN

A assessora de Marielle afirmou à Polícia Civil não ter percebido que o veículo em que estavam era seguido e não ter visto nenhum carro nem moto perto. O conteúdo do depoimento foi divulgado ontem pela TV Globo.

Cerca de dez dias antes do crime, segundo a emissora, uma funcionári­a de Marielle foi abordada de forma ameaçadora em um ponto de ônibus por um desconheci­do. Em tom de ameaça, ele perguntou se a funcionári­a trabalhava com a vereadora. A mulher, que trabalhava administra­tivamente, estranhou. A assessora que estava com Marielle na hora do crime, porém, disse que a vereadora nunca havia relatado qualquer ameaça.

Segundo o depoimento, a assessora disse que Marielle costumava ficar no banco da frente, ao lado do motorista, mas naquela noite preferiu ir atrás para falar com a funcionári­a. Queriam escolher fotos do evento onde estavam.

Assim que o veículo entrou na Avenida João Paulo I, a assessora, que disse estar distraída ao celular, ouviu os tiros, que pareciam vir de trás, na diagonal. Segundos antes, a vereadora havia dito “ué?”, em tom de dúvida. No momento dos disparos, o motorista disse “ai”. A sobreviven­te se abaixou para tentar se proteger e Marielle, que usava cinto de segurança, tombou sobre ela. O carro, que trafegava devagar, seguiu desgoverna­do até que a própria assessora conseguiu se esticar e acionar o freio de mão.

Na noite de ontem, a assessora publicou nas redes sociais uma homenagem à vereadora: “Estou viva. Mas a alma oca. A carne, ainda trêmula, não suporta a dor que serpenteia por dentro, num looping sem fim. Minha amiga, na tentativa de calarem a sua voz, a ampliaram ensurdeced­oramente, em milhares de bocas. Para sempre. #MarielleVi­ve”, escreveu. Ela está escondida e sob proteção. O PSOL teme por sua segurança.

Família. Os parentes de Marielle poderão ter segurança profission­al pelo menos até o fim da investigaç­ão. “A assessoria dela (Marielle) está vendo isso”, disse ao Estado ontem a irmã da vereadora, a professora de Inglês Anielle, de 33 anos. “Acredito que vamos ter, mas não fomos ainda comunicada­s oficialmen­te.” Mas ela contou que a família não está se sentindo ameaçada. “Porque não temos resposta de nada ainda; até para saber se devemos ou não ficar com medo.”/

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LEO CORREA/AP-14/3/2018 Relato. Segundo ela, tiros pareciam vir de trás, na diagonal

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