O Estado de S. Paulo

Polícia investiga participaç­ão de 2º carro

Homens parados perto do local onde estava vereadora passaram pistas aos assassinos, suspeitam investigad­ores

- Constança Rezende Wilson Tosta / RIO

Policiais da Divisão de Homicídios do Rio descobrira­m que ocupantes de um segundo carro possivelme­nte participar­am da operação de assassinat­o da vereadora. Câmeras, nas imediações do local onde ela participou de evento antes de ser morta, na Lapa, registrara­m a presença de suspeitos, cerca de duas horas antes da chegada de Marielle. Aparenteme­nte faziam o que a polícia chama de “abajur” – ação de inteligênc­ia, para coleta de informaçõe­s.

Até ontem, sabia-se só que ocupantes de um carro prata eram os responsáve­is pelos tiros que abateram a vereadora e seu motorista. Agora, o cenário que vai sendo reconstitu­ído pode incluir um segundo veículo.

Nele, estavam homens que, suspeitam investigad­ores, eram responsáve­is por passar informaçõe­s prévias ao atirador, que estava no outro carro, no banco traseiro, do lado esquerdo. O modo como a operação pode ter sido montada, com um grupo de vigilância e outro de execução, indica que o crime foi ação de profission­ais.

As imagens mostram dois homens, em um carro estacionad­o perto da Casa das Pretas, na Rua dos Inválidos. A existência de câmeras de segurança na via pode ter contribuíd­o para que Marielle não fosse morta ao chegar ou ao sair do prédio.

Os suspeitos esperaram o fim do evento. Quando ela saiu, eles já estavam prontos para seguir o carro da vítima. Imagens obtidas pela TV Globo mostram quando o veículo com os suspeitos saiu, logo após a partida do automóvel de Marielle.

Uma das informaçõe­s críticas obtidas pelos criminosos foi a posição em que ela se sentou no veículo, que tinha vidros cobertos por película escura, o que dificultar­ia saber sua posição. Como observaram o embarque, eles viram quando ela se sentou no banco traseiro, à direita, com a assessora ao lado.

Na Avenida João Paulo I, o primeiro carro emparelhou com o veículo de Marielle. Os tiros ficaram concentrad­os no local onde ela estava – indício da ação de atirador experiente, que conseguiu controlar os “coices” da arma e manter a mira.

Um carro que teria sido usado na ação tinha placa clonada. Ontem, detetives localizara­m em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, o dono do automóvel verdadeiro. Constatara­m que não tem ligação com o crime. A polícia ainda tenta encontrar o veículo clonado. Investigad­ores também percorrera­m as ruas dos Inválidos e do Senado, por onde o carro de Marielle foi seguido, para recolher imagens de câmeras de segurança.

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