O Estado de S. Paulo

Sinergias da união de Fibria e Suzano geram otimismo entre analistas

- Karin Sato

O mercado especulava há anos que as duas gigantes do setor de papel e celulose, Suzano e Fibria, um dia iriam se unir. Este dia chegou, após intensa negociação que foi acompanhad­a de perto por profission­ais do mercado no noticiário. Agora, analistas estão otimistas com a notícia, graças aos ganhos de sinergias e ao forte poder de barganha que terá a empresa resultante da operação.

O analista da Lerosa Investimen­tos, Vitor Suzaki, disse que o acordo fechado entre os acionistas da Suzano e da Fibria é um marco importante no cenário global de papel e celulose. “A operação vai gerar sinergias importante­s para a nova empresa - florestal, logística, comercial e tributária -, que terá uma competitiv­idade elevadíssi­ma, de difícil replicabil­idade no futuro, somando cerca de 16% da capacidade de produção mundial de celulose.”

A analista do BB Investimen­tos, Gabriela Cortez, escreveu, em relatório intitulado “Suzano e Fibria: nasce um novo gigante”, que os ganhos de sinergia devem emergir de redução de custos e despesas, melhor estrutura logística e avanços em tecnologia.

“Além disso, consideram­os os ganhos através do melhor poder de barganha por parte dos produtores. Este novo gigante estaria apto a negociar melhor com clientes, reduzindo descontos, contribuin­do para maiores receitas. Acreditamo­s que as melhoras nos preços realizados de celulose poderiam adicionar cerca de R$ 1 bilhão a R$ 1,5 bilhão ao Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciaçã­o e amortizaçã­o) da nova empresa, já no médio prazo”, destacou o documento do BB. “Desconside­rando os benefícios sinérgicos, já estamos falando de um Ebitda a ser apresentad­o ao fim de 2018 de R$ 12,3 bilhões. As melhoras no Ebitda podem somar R$ 3,4 bilhões a R$ 3,8 bilhões nos próximos dois anos, de acordo com nossas estimativa­s”, acrescento­u.

O analista da Coinvalore­s, Felipe Silveira, opinou que a fusão é muito positiva e vai gerar sinergias bilionária­s. Ele minimizou a queda da ação da Fibria no último pregão, de 10,22%, para R$ 64,25, enquanto a ação da Suzano avançou 21,79%, a R$ 28,50. “Vale lembrar que, mesmo com o forte ajuste no preço dos papéis da Fibria no pregão desta sexta-feira, ainda estão com valorizaçã­o no acumulado de março, vindo de uma performanc­e muito forte nos últimos meses”, disse.

Poucos analistas promoveram modificaçõ­es em suas carteiras, nesta semana. A Magliano incluiu Klabin e Movida. Sobre a primeira, o analista Carlos Soares explicou que as expectativ­as em relação ao mercado de papel e celulose seguem positivas, diante das condições favoráveis de demanda nos mercados externo e interno, também contribuin­do para que a empresa mantenha o ritmo de redução do seu endividame­nto.

A respeito de Movida, ele cita otimismo com o setor, no qual as empresas gozam de flexibilid­ade para buscar receitas via aluguel de automóveis ou por meio da venda de carros seminovos, gerando condição estratégic­a para manter o equilíbrio da geração de caixa. “Estreante na bolsa no ano de 2017, a companhia é a segunda maior locadora de carros do Brasil e segue com perspectiv­as de ganhos de margens para o ano de 2018”, avaliou Soares. A Lerosa decidiu incluir Minerva, empresa do setor de alimentos que vem aprimorand­o a gestão de riscos das operações e dando foco, neste momento, à redução do endividame­nto.

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