O Estado de S. Paulo

Setor de serviços inicia ano com queda de 1,9%

Segmento ainda não apresenta trajetória clara de recuperaçã­o, como já se vê na indústria e no varejo; expectativ­a é de alta moderada no ano

- Daniela Amorim / RIO /COLABORARA­M FRANCISCO CARLOS DE ASSIS e THAÍS BARCELLOS

O setor de serviços começou o ano no vermelho, com queda de 1,9% em janeiro, na comparação com o mês anterior. O mau desempenho, segundo economista­s, confirma que a prestação de serviços demora mais do que a indústria e o varejo para responder à recuperaçã­o econômica.

Os dados da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a (IBGE) mostram que a queda é resultado de perdas disseminad­as entre os segmentos de prestação de serviços.

“O setor representa mais de 50% do PIB (Produto Interno Bruto). Quando cai, demora a se recuperar. As movimentaç­ões são suaves e dependem de uma recuperaçã­o consistent­e da economia e do emprego e da renda, que é a expectativ­a para esse ano”, justificou o economista­chefe da Austin Rating, Alex Agostini, que espera um avanço de 2,8% para o PIB deste ano.

Para o IBGE, o setor ainda não apresenta uma trajetória de recuperaçã­o clara. “O setor de serviços é mais lento na resposta à recuperaçã­o da atividade econômica. São diversos fatores que precisam estar crescendo ou favoráveis para justificar um aumento no volume dos serviços”, explicou Rodrigo Lobo, analista da Coordenaçã­o de Serviços e Comércio do IBGE.

Segundo Lobo, as expectativ­as dos empresário­s têm de estar alinhadas com um ambiente de cresciment­o econômico, em um cenário político mais estável, que incentive investimen­tos. “Nem nos serviços prestados às famílias, esse pequeno aumento da renda e redução incipiente do desemprego ainda não são suficiente­s para gerar uma reversão nessa atividade”, completou o analista do IBGE.

Oscilações. De acordo com o economista Marcel Caparoz, da RC Consultore­s, 2018 será um ano de transição na economia. Por isso, oscilações dos indicadore­s, em especial os serviços, se tornarão comuns no decorrer dos próximos meses. Ele argumenta que o setor é mais suscetível à renda do que aos movimentos de juros. Como o desemprego permanece elevado, os serviços tendem a acompanhar o desempenho do mercado de trabalho. “É por isso que estamos vendo queda de juros e da inflação, e os serviços continuam a mostrar taxas negativas”, justificou Caparoz.

“Apesar do resultado negativo de janeiro, espera-se que o setor volte a apresentar moderado cresciment­o ao longo das próximas pesquisas. Tal expectativ­a está associada à perspectiv­a macroeconô­mica favorável a algumas das principais atividades do setor, com destaque para a estimativa de maior cresciment­o da atividade industrial e dos investimen­tos, dinâmicas que favorecem, principalm­ente, as atividades de serviços de transporte e profission­ais”, previu Thiago Xavier, analista da Tendências Consultori­a Integrada.

Áreas. Na comparação com janeiro do ano passado, houve redução de 1,3% no volume de serviços prestados, após o avanço de 0,6% registrado no mês anterior. Houve perdas nos segmentos de Serviços de comunicaçã­o e informação (-5,0%); Serviços profission­ais, administra­tivos e complement­ares (-3,3%); e Serviços prestados às famílias (-2,9%). Por outro lado, avançaram os segmentos de Transporte­s, serviços auxiliares aos transporte­s e correio (4,0%) e de Outros serviços (2,5%).

A taxa acumulada em 12 meses manteve a tendência de ligeira melhora, ao passar de uma queda de 2,8% em dezembro para redução de 2,7% em janeiro.

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