Setor de serviços inicia ano com queda de 1,9%
Segmento ainda não apresenta trajetória clara de recuperação, como já se vê na indústria e no varejo; expectativa é de alta moderada no ano
O setor de serviços começou o ano no vermelho, com queda de 1,9% em janeiro, na comparação com o mês anterior. O mau desempenho, segundo economistas, confirma que a prestação de serviços demora mais do que a indústria e o varejo para responder à recuperação econômica.
Os dados da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a queda é resultado de perdas disseminadas entre os segmentos de prestação de serviços.
“O setor representa mais de 50% do PIB (Produto Interno Bruto). Quando cai, demora a se recuperar. As movimentações são suaves e dependem de uma recuperação consistente da economia e do emprego e da renda, que é a expectativa para esse ano”, justificou o economistachefe da Austin Rating, Alex Agostini, que espera um avanço de 2,8% para o PIB deste ano.
Para o IBGE, o setor ainda não apresenta uma trajetória de recuperação clara. “O setor de serviços é mais lento na resposta à recuperação da atividade econômica. São diversos fatores que precisam estar crescendo ou favoráveis para justificar um aumento no volume dos serviços”, explicou Rodrigo Lobo, analista da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE.
Segundo Lobo, as expectativas dos empresários têm de estar alinhadas com um ambiente de crescimento econômico, em um cenário político mais estável, que incentive investimentos. “Nem nos serviços prestados às famílias, esse pequeno aumento da renda e redução incipiente do desemprego ainda não são suficientes para gerar uma reversão nessa atividade”, completou o analista do IBGE.
Oscilações. De acordo com o economista Marcel Caparoz, da RC Consultores, 2018 será um ano de transição na economia. Por isso, oscilações dos indicadores, em especial os serviços, se tornarão comuns no decorrer dos próximos meses. Ele argumenta que o setor é mais suscetível à renda do que aos movimentos de juros. Como o desemprego permanece elevado, os serviços tendem a acompanhar o desempenho do mercado de trabalho. “É por isso que estamos vendo queda de juros e da inflação, e os serviços continuam a mostrar taxas negativas”, justificou Caparoz.
“Apesar do resultado negativo de janeiro, espera-se que o setor volte a apresentar moderado crescimento ao longo das próximas pesquisas. Tal expectativa está associada à perspectiva macroeconômica favorável a algumas das principais atividades do setor, com destaque para a estimativa de maior crescimento da atividade industrial e dos investimentos, dinâmicas que favorecem, principalmente, as atividades de serviços de transporte e profissionais”, previu Thiago Xavier, analista da Tendências Consultoria Integrada.
Áreas. Na comparação com janeiro do ano passado, houve redução de 1,3% no volume de serviços prestados, após o avanço de 0,6% registrado no mês anterior. Houve perdas nos segmentos de Serviços de comunicação e informação (-5,0%); Serviços profissionais, administrativos e complementares (-3,3%); e Serviços prestados às famílias (-2,9%). Por outro lado, avançaram os segmentos de Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (4,0%) e de Outros serviços (2,5%).
A taxa acumulada em 12 meses manteve a tendência de ligeira melhora, ao passar de uma queda de 2,8% em dezembro para redução de 2,7% em janeiro.