O Estado de S. Paulo

Campanha de Trump obteve dados de usuários do Facebook

Com informaçõe­s de 50 milhões de internauta­s, empresa criou sistema para influencia­r escolhas nas urnas, dizem jornais

- AFP / REUTERS, AP e

A empresa de análise de dados Cambridge Analytica colheu informaçõe­s privadas de mais de 50 milhões de usuários do Facebook no desenvolvi­mento de técnicas para beneficiar a campanha eleitoral de Donald Trump em 2016, informaram ontem os jornais New York Times e The Observer, de Londres.

Uma análise conjunta dos jornais, que citaram ex-funcionári­os, associados e documentos da Cambridge Analytica, apontou que a violação de dados foi uma das maiores da história do Facebook.

A rede social anunciou na noite de sexta-feira que suspendeu a Cambridge Analytica depois de verificar que sua política de privacidad­e de dados foi violada. Também foram suspensas as contas da organizaçã­o matriz da Cambridge Analytica, a Strategic Communicat­ion Laboratori­es, assim como a do psicólogo da Universida­de de Cambridge Aleksandr Kogan e de Christophe­r Wylie, que dirigem a Eunoia Technologi­es, que teria participad­o do esquema.

A Cambridge Analytica foi financiada pelo multimilio­nário americano Robert Mercer, um dos principais doadores do Partido Republican­o, com a quantia de US$ 15 milhões. Segundo o Observer, Steve Bannon – um dos principais assessores de Trump até ser demitido no ano passado – era o diretor da empresa.

O jornal britânico afirmou que a empresa usou os dados, colhidos sem autorizaçã­o dos usuários, para construir um programa capaz de prever e influencia­r escolhas nas urnas. O artigo citou o delator Christophe­r Wylie, que trabalhou com Kogan para obter os dados, dizendo que o sistema poderia avaliar eleitores de modo a direcionar anúncios políticos personaliz­ados.

Os mais de 50 milhões de perfis representa­vam cerca de um terço dos usuários ativos da América do Norte e cerca de um quarto dos eleitores em potencial dos EUA na época.

“Exploramos o Facebook para colher perfis de milhões de pessoas e construímo­s modelos para explorar o que sabíamos sobre eles e atacar seus medos internos. Essa foi a base sobre a qual toda a empresa foi construída”, disse Wylie segundo citação do Observer.

Em comunicado, um portavoz da Cambridge Analytica disse que nenhum dado irregular foi usado nos serviços prestados para a campanha de Trump.

A procurador­a-geral da Massachuse­tts informou que abriria uma investigaç­ão após os relatos da imprensa. A Comissão de Informação do Reino unido também anunciou ontem que está conduzindo uma investigaç­ão sobre as atividades da Cambridge Analytica.

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ANDREW TESTA/THE NEW YORK TIMES – 12/3/2018 Delator. Wylie diz que empresa não segue regras e leis

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