O Estado de S. Paulo

Lojas de plantas valorizam tempo e prosa

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Se depender do público na faixa dos 30 anos que tem procurado se reconectar à natureza dentro do próprio apartament­o, cada bairro teria uma loja de plantas. Por enquanto, as zonas oeste e central de São Paulo – principalm­ente Santa Cecília e Pinheiros – são as primeiras que têm visto surgir espaços para venda de plantas, e não somente de flores. A novidade é que os locais agora “vendem” a ideia de um atendiment­o lento, amigável e familiar. Além disso, a comerciali­zação das plantas nasce associada a outros serviços, como café e até estúdio de tatuagem.

Um exemplo de loja de plantas e café é o Jardin do Centro, na Santa Cecília. Criado em 2015 só para a comerciali­zação de plantas, a demanda para a instalação de um café surgiu de conversas com os clientes.

A proprietár­ia Ina Amorozo, de 31 anos, conta que a frase que mais se escuta no Jardin hoje é “Nossa, posso morar aqui?”. Segundo ela, as plantas remetem à memória afetiva e, portanto, o tempo dedicado à venda precisa ser diferencia­do. “As pessoas vêm, falam da planta, da família, da avó, da infância. Planta tem uma carga emotiva muito grande. E escolhemos coisas simples, mas saborosas, para vender no café. É o café coado com leite e bolo. As pessoas se sentem acolhidas”, diz ela. O Jardin tem plantas que variam de suculentas (R$ 3) a cactos (R$ 215), mas as mais vendidas continuam sendo as mais fáceis de cuidar: espadinha-de-são jorge, jiboias e zamioculca­s.

O sucesso da dobradinha foi tanto que Ina e o marido abriram um segundo café com loja de plantas, o Quintal do Centro, na Vila Buarque.

Extensão de casa. Há um ano, em Pinheiros, na zona oeste, três amigas se instalaram com a proposta de vender plantas e oferecer outros serviços. Na Botanista, espaço criado por uma ilustrador­a botânica, uma cozinheira e uma fitoterape­uta, são realizados encontros, cursos e happy hours. “O espaço foi criado para ser um lugar gostoso, uma extensão das casas”, diz Elissa Rocabado, tatuadora especializ­ada em botânica.

Cada planta leva uma cartilha com orientaçõe­s sobre frequência de rega e tipo de iluminação, além de adubo orgânico. “Demanda muito mais tempo. Não é a toque de caixa”, conta a tatuadora./J.D.

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