Vale e pena ver de novo
Lollapalooza chega à sua sétima edição com velhos conhecidos do público.
A sétima edição do Lollapalooza Brasil desembarca na capital paulista na próxima sexta-feira, 23, no Autódromo de Interlagos. A exemplo do que aconteceu em 2013, quando o festival ainda era realizado no Jockey Club de São Paulo, o evento voltará a ter três dias e não dois, como nos últimos anos. Red Hot Chili Peppers, Pearl Jam e The Killers são as principais atrações de 2018. Velhos conhecidos de Perry Farrell, criador e idealizador do Lolla, o trio já se apresentou por aqui algumas boas vezes. Pearl Jam e The Killers, inclusive, tocaram num mesmo Lollapalooza (o de 2013, citado mais acima). Já o Red Hot esteve no País há seis meses, em setembro, quando fez o show que deu números finais ao Rock in Rio 2017.
Entre os três head liners, é o The Killers que lançou um disco inédito há menos tempo. Wonderful Wonderful, o quinto trabalho de estúdio do grupo de Las Vegas, chegou em setembro do ano passado. A banda do vocalista Brandon Flowers faz o show de encerramento do Lollapalooza 2018 no domingo, 25. “É sempre bom estar no Brasil. Tenho boas recordações do público. Os brasileiros são muito animados, pulam e gritam o tempo todo. A energia de vocês é realmente diferenciada”, diz Flowers em entrevista ao Estado por telefone.
Com uma sonoridade litúrgica, Wonderful Wonderful se destacou, chegando, inclusive, a aparecer em várias listas de melhores do ano. Apesar da maturidade de Brandon e do guitarrista Dave Keuning, o disco passou longe dos aclamados Hot Fuss (2004) e Sam’s Town (2006).
O disco, que começa de maneira megalomaníaca, usando e abusando de todos os ingredientes do pop clichê arrebatador de multidões, tem seu valor justamente por essa musicalidade proposital feita para lotar arenas. “Temos consciência da importância de estar há 15 anos na estrada. The Killers sabe que precisa fazer música grande. Gigante, talvez. Não é mais como antes, a coisa está séria há tempos. Acho que Wonderful Wonderful reflete bem isso. Ele externa nossa maturidade e o quanto cada um de nós evoluiu”, diz Flowers.
Aos 36 anos, casado e pai de três filhos, Flowers é mórmon praticante. Criado nos arredores de Las Vegas e tendo de lidar com o pai alcoólatra, que trabalhava em um supermercado, até os 5 anos, quando seu progenitor se converteu à religião, o frontman do The Killers desbanca aquela fama de rock star de vida torta, adepto do álcool e das drogas ilícitas em abundância. Seria ele um roqueiro fajuto? O engomadinho boa-pinta dos anos 2000? “Isso é uma grande besteira. As pessoas são livres para fazer o que bem entendem. Eu não preciso beber, usar drogas e ter fama de extravagante para legitimar o rock ou qualquer outra coisa”, complementa.
Flowers, dono de uma das vozes mais interessantes da geração 2000, portanto, faz o tipo certinho, frequentando a igreja sempre que possível, quando não está viajando. Um de seus filhos recebeu o nome de Ammon em homenagem a um missionário de O Livro de Mórmon. “Não dou a mínima para o que falam sobre mim. Procuro ser apenas eu mesmo”, conclui.
No topo. Da geração roqueira dos anos 2000, o The Killers é uma das poucas bandas que conseguiram se manter na ponta, mesmo depois de tantos anos em atividade. Mr. Brightside, que costuma ser a última música tocada nos shows do grupo, ainda tem um forte efeito entre o público.
O maior hit de Flowers é o verdadeiro hino para muitos desses jovens que cresceram com a internet. A letra extensa, complexa e cheia de palavras muitas vezes desconhecidas pelo público não fluente em inglês, é cantada em alto e bom som. “Eu nunca vou me cansar de tocar Mr. Brightside. Tenho um orgulho gigantesco de tudo que ela significa para o The Killers. Me emociono todas as vezes que vejo o público cantando”, afirma Flowers.