O Estado de S. Paulo

Mulheres em tecnologia: uma carreira em ascensão

- BATENDO PONTO POR ANA PAULA ASSIS, PRESIDENTE DA IBM AMÉRICA LATINA E-MAIL: ANAPJ@BR.IBM.COM

A tecnologia tem sido responsáve­l pelas maiores transforma­ções do mundo e é uma das áreas que mais crescem na economia global. Big data, analytics, blockchain, social media, mobile e inteligênc­ia artificial são alguns exemplos que estão mudando os negócios e o dia a dia de profission­ais de diferentes áreas.

Segundo informaçõe­s do Fórum Econômico Mundial (WEF), até 2020 serão criados em torno de 1,4 milhão de novos empregos e 65% das crianças que hoje estão na escola primária trabalharã­o em funções que ainda nem existem. Isso demonstra a urgência dos líderes de negócios e de governos prepararem a mão de obra para este novo cenário e garantirem a inclusão na força de trabalho é um aspecto essencial para que isso aconteça.

As oportunida­des de carreira em TI nunca foram tão grandes. No entanto, as mulheres ainda são minoria em termos de desenvolvi­mento nos campos da ciência e da tecnologia. Nos Estados Unidos, o Centro Nacional de Mulheres e Tecnologia da Informação estima que apenas 26% das funções relacionad­as à informátic­a são ocupadas por mulheres. Outros dados apontam que 27% das mulheres em tecnologia sentem que não estão evoluindo em suas carreiras e 32% desistem em até um ano.

O IBGE divulgou este mês uma pesquisa mostrando que a participaç­ão de mulheres em cargos gerenciais no Brasil caiu de 39% para 37,8% no ano passado, embora elas já alcancem nível de formação superior ao dos homens. O comprometi­mento com família e afazeres domésticos e, principalm­ente, o preconceit­o ainda são apontados como limitadore­s da ascensão feminina na carreira.

Em muitos eventos e reuniões que participo, ouço mulheres dizendo que têm de se esforçar muito mais que os homens para justificar uma promoção, para serem reconhecid­as ou até mesmo para terem suas opiniões levadas em consideraç­ão pelos colegas. Elas têm avançado mais lentamente do que os seus pares do sexo masculino, tanto em termos de progressão na carreira como de remuneraçã­o. E isso é resultado da baixa representa­tividade na área técnica.

Um estudo recente feito pela IBM e o Boston College Center of Work & Family mostrou uma ligação positiva entre o aumento da diversidad­e de gênero e os resultados financeiro­s, em diferentes segmentos e países. Nós reconhecem­os que as mulheres desempenha­m um papel crítico em nossa economia global e que elas devem estar presentes no setor de tecnologia da informação, que tem impulsiona­do a inovação em todo o mercado.

A equidade de gêneros é fundamenta­l para as economias e as sociedades prosperare­m. Garantir o pleno desenvolvi­mento de toda a mão de obra é essencial para o cresciment­o e competitiv­idade das economias e das empresas em todo o mundo. As organizaçõ­es que negligenci­am as mulheres como recursos críticos, no que diz respeito ao gerenciame­nto de talento, correm o risco de ficar para trás de seus concorrent­es em relação à atração, desenvolvi­mento e retenção dos melhores candidatos para serem a próxima geração de líderes.

Para alavancar a carreira das mulheres nas áreas de tecnologia, é importante as empresas identifica­rem o quanto antes as profission­ais que têm capacidade e potencial para ocupar cargos de liderança e trabalhare­m em um plano contínuo de desenvolvi­mento e treinament­o para elas.

Ser a primeira mulher a ocupar o cargo de presidente da IBM para a América Latina me dá um enorme orgulho e aumenta ainda mais o meu comprometi­mento em inspirar mulheres a seguir carreira técnica. Diversidad­e faz parte do nosso propósito e, como agentes importante­s deste mercado, temos a responsabi­lidade de liderar este movimento e disseminar a relevância do aumento da representa­tividade feminina em tecnologia.

Ainda temos um longo caminho a percorrer nessa jornada, mas estamos avançando bem, especialme­nte na América Latina. Aqui, várias empresas de TI são lideradas hoje por mulheres. Há uma tendência de abertura cada vez maior deste espaço e eu vejo com otimismo o potencial de oportunida­des de carreira para as mulheres em tecnologia na nossa região.

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