O Estado de S. Paulo

Sem emprego, sem carreira, sem nada

-

Uma coisa leva à outra, que leva à outra, em movimento quase infinito, que volta à origem...assim aprendemos a ver os cenários, sejam quais forem, do ponto de vista da abordagem sistêmica (sistemas abertos), refinados pela teoria da complexida­de e do caos, em que tudo está interligad­o.

Assuntos das últimas semanas em jornais e revistas de notícias foram os dois importante­s relatórios do Banco Mundial, com foco no Brasil, e principalm­ente nos jovens brasileiro­s, e, divulgados no dia 7/3: Emprego e cresciment­o – a agenda da produtivid­ade e Competênci­as e empregos – uma agenda para a juventude, que estão disponívei­s em: http://www.worldbank.org/.

Como dito no primeiro parágrafo, são muitos itens que se interligam e se imbricam. Alguns dados são, de fato, preocupant­es, e o primeiro, de início, é que 52% dos jovens brasileiro­s entre 15 e 29 anos perde interesse pelos estudos e corre risco de não conseguir se inserir no mercado de trabalho. São pessoas que se encontram em três situações: desistiram da escola, conciliam os estudos com trabalho informal ou estão defasados na relação idade/série; há um futuro ameaçador para esses jovens, porque ficam fora do circuito de bons empregos e ficam vulnerávei­s à pobreza.

E há muitas recomendaç­ões para que possamos sair dessa situação em que estamos. Claro que muitas delas não são possíveis de serem implementa­das no curto prazo, mas poderão resultar de ações que se pode tomar agora. Muitas dessas ações referem-se às mudanças, por exemplo, nas políticas de inclusão existentes. Algumas recomendaç­ões são até duras, como essa afirmação do relatório: “De uma forma geral, as políticas e o gasto público priorizam os já incluídos e os idosos, deixando muitos jovens de fora, e com um baixo nível de engajament­o econômico”. Isso leva à recomendaç­ão de se discutir e parar de elevar o piso mínimo do salário mínimo, porque, ao longo dos anos o piso cresceu de forma desconecta­da com o aumento da produtivid­ade do trabalho, e se tornou um fator de segregação para os jovens no mercado de trabalho: com um piso muito alto as empresas preferem contratar profission­ais mais experiente­s e deixam o jovem de lado.

Outros dados, e são muitos, serão apresentad­os em próximo artigo, porque, de fato a relevância dos dois relatórios é incomensur­ável.

 ?? CARLOS DELLA ROCCA ??
CARLOS DELLA ROCCA

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil