O Estado de S. Paulo

Um empreended­or de sucesso

Com 45 motoristas e frota de 149 veículos de alto padrão, publicitár­io cria grupo que transporta de celebridad­es a chefes de estado

- FELIPE RAU/ESTADÃO

“Sempre quis ter o meu negócio”, diz Leonardo Domingos Silva. “Tenho muitas ideias e me considero um cara que coloca as coisas para acontecer.” Para ele, que fundou o Grupo LDS, de transporte com carros de lux, não pôr os planos em prática é o maior erro dos que querem empreender.

Leonardo Domingos Silva estava comandando mais uma operação da sua empresa de locação de carros de luxo, a LDS Group. Um banco havia contratado seus serviços para levar os convidados da instituiçã­o até o local de um evento com investidor­es. De última hora, exigiu um veículo de alto padrão blindado para um ‘VIP’ que chegaria ao Aeroporto de Congonhas. Ao chegar lá, o empreended­or descobriu que iria transporta­r o ator Harrison Ford, famoso por papéis em filmes como Indiana Jones, Star Wars e Blade Runner.

Fundada em 2011, a contrataçã­o da LDS para levar o astro não foi à toa: a empresa escolheu atuar no mercado de luxo e se tornou conhecida por transporta­r personalid­ades famosas. Para isso, tem uma frota de 149 veículos, que incluem marcas como Ferrari, Mercedez Benz, Porsche e Audi. “Esses modelos de carro são padrão para presidente­s de empresa, chefes de estado, ministros e cantores”, afirma. Mick Jagger, Bono Vox e Beyoncé são alguns dos que já utilizaram o seu serviço.

Apesar dos carros de luxo, Silva afirma que esse não é o principal diferencia­l da empresa. “Temos um serviço totalmente personaliz­ado”, diz. “Minha equipe comercial faz todo o treinament­o para que a experiênci­a seja a melhor possível.” Além disso, requisiçõe­s específica­s, como suprir o veículo com algum tipo de alimento, bebida ou jornal, também são acatadas pela LDS, que atua somente em São Paulo e Rio de Janeiro.

Hoje, segundo ele, a operação já está bem consolidad­a. “Temos uma carteira de clientes fixa, como agências de turismo de luxo e consulados”, diz. O serviço, segundo ele, conta com 45 motoristas contratado­s pela CLT, e a empresa comumente utiliza 85% de sua frota. Silva não revela o faturament­o.

Prática. Nem sempre, porém, as coisas foram assim. Silva teve outros empreendim­entos até construir a LDS. “Sempre quis ter o meu negócio próprio”, conta. “Eu tenho muitas ideias e me considero um cara que coloca as coisas para acontecer.” Para ele, não pôr os planos em prática é o maior erro dos que querem empreender.

Seu primeiro negócio próprio, em 2001, foi uma banca de jornal dentro de um posto de gasolina. Com o fechamento do local para uma reforma, em 2004, ele fechou o seu empreendim­ento. Ao mesmo tempo em que tinha a banca de jornal no posto, abriu um café em Moema. Como esse negócio ia mal, decidiu vender. “Todo dinheiro que eu ganhei na banca, eu perdi no café.”

Logo depois, sua prima, que morava em Portugal, disse que havia uma oportunida­de de emprego em Lisboa para trabalhar em uma agência de marketing – área em que se formou. Após dois anos, em 2006, voltou para o Brasil. E se tornou diretor comercial, até 2010, do negócio de locação de ônibus, micro-ônibus e van de seu irmão.

Enquanto trabalhava no empreendim­ento familiar, Silva teve uma experiênci­a que abriu seus olhos para o potencial do mercado de veículos de luxo. Um cliente ligou para a locadora de ônibus e van querendo alugar um carro de alto padrão. “Eu falava que tinha, mesmo não tendo”, afirma.

“Depois, saí correndo atrás com o sogro do meu irmão e uma amiga da minha mãe para conseguir o carro.” Quando viu que esse tipo de negócio rendia até R$ 70 mil em cinco ou seis dias de locação, decidiu explorar esse nicho.

A LDS, no entanto, só começaria um ano depois. Com apenas um Ford Fusion e 24 parcelas do carro para pagar, Silva decidiu coemçar a trabalhar como motorista autônomo no Hotel Unique, em São Paulo. O empreended­or

já tinha um bom relacionam­ento com o local, herdado da época em que trabalhava na empresa de seu irmão.

Aos poucos, não foi só conseguind­o dinheiro para pagar o carro, mas também para chamar motoristas autônomos para trabalhar com ele. “Assim, comecei a ter giro no hotel, consegui clientes paralelos, e a empresa começou a ganhar corpo”, conta Silva. Logo depois, conseguiu formalizar a empresa e ampliar

a frota de carros, focando no nicho que sempre quis.

O maior obstáculo ocorreu no momento inicial. “Para o pequeno empresário, é difícil conseguir linhas de crédito que apoiem novos negócios”, afirma. “Começar a criar uma reputação e conseguir capital é muito difícil.” Apesar disso, o negócio prosperou. “A empresa foi ganhando corpo, e eu fui comprando carros para a minha frota, sempre investindo no negócio.”

Hoje, a LDS está criando um novo tipo de serviço. Sob seu guarda-chuva, o aplicativo Urbano é um software de compartilh­amento de veículos. Os 75 carros, elétricos e à combustão, da iniciativa ficam na rua e são liberados pela própria plataforma. A cada minuto é cobrado o valor de R$ 1,20 do usuário. “É preciso se reinventar”, diz, explicando a razão de ter criado o novo negócio. “Houve mudança de hábito no uso de carros no Brasil.”

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TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO Novo nicho. Silva agora está entrando no mercado de compartilh­amento de carros elétricos

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