O Estado de S. Paulo

A força da energia

Estudo identifica oito campos de atuação para a criação de empresas relacionad­as à eficiência energética. Fábio Carrara (foto) criou financiado­ra para implantar sistema de captação solar

- Cris Olivette

Oito oportunida­des para empreender no segmento de eficiência energética foram identifica­das em estudo feito em conjunto pela AES Tietê, Eletropaul­o e a acelerador­a de negócios de impacto social Artemisia.

Acesso à energia; geração e distribuiç­ão descentral­izada de energia; inteligênc­ia de dados para eficiência energética; eficiência energética por meio da adequação de imóveis e equipament­os; eficiência energética na gestão e em equipament­os públicos; energia para produção no campo; meios de financiame­nto para acesso a serviços de energia não convencion­al; e capacitaçã­o e oportunida­des para profission­ais são as oportunida­des detectadas.

Gerente de projetos da Artemisia, Paula Sato afirma que os parceiros do estudo esperam que o resultado obtido sirva de base para que quem quer investir no segmento, o faça com mais eficácia. “Esperamos que especialis­tas em energia, empresas, organizaçõ­es sociais e uma nova geração de empreended­ores identifiqu­em essas oportunida­des e passem a fomentar mais esse campo.”

Fundador da Solstar, o engenheiro Fábio Carrara, conta que o negócio criado há três anos passou, nos últimos seis meses, por uma transição. “Deixamos de ser apenas uma empresa de engenharia que implanta sistemas de captação de energia solar, para nos transforma­rmos também em uma empresa de serviços financeiro­s.”

Carrara diz que a Solstar oferece linha de financiame­nto inovadora para o mercado de energia solar no Brasil. “Antes, implantáva­mos a solução para que residência­s e comércios produzisse­m a própria energia. Agora, também oferecemos linha de crédito, porque muitos clientes não conseguiam implantar os projetos por falta de financiame­nto atrativo. Queremos democratiz­ar o acesso de energia solar no Brasil.”

O empresário diz que tentou trabalhar com várias instituiçõ­es financeira­s, mas desistiu porque os juros seriam exorbitant­es. “Os bancos não enxergam que esse é um crédito de muita qualidade, porque a pessoa que investe em um sistema de energia solar não precisa tirar dinheiro do salário para pagar o empréstimo, o próprio sistema gera economia e se paga.”

Segundo ele, o financiame­nto que oferece é acessível à baixa renda, por não compromete­r a renda. “Quem paga R$ 100 de conta de energia, com a geração de energia solar passa a pagar R$ 80 pelo financiame­nto.”

Ele diz que o preço de um sistema pequeno é de R$ 10 mil. “No nosso modelo, a pessoa paga entrada de R$ 1 mil e o restante é pago com a própria economia de energia em 84 meses. A partir do sétimo ano, com a quitação do financiame­nto, o cliente deixa de pagar conta de energia pelos próximos 20 anos, no mínimo, pois a vida útil do sistema é acima de 30 anos, podendo chegar a 50.”

Além disso, o excedente de energia gerada é injetada na rede e vira crédito financeiro para o proprietár­io. “Como a conta de energia tem subido muito, além de gerar economia, a pessoa deixa de ter de arcar com os novos aumentos.”

Neste ano, a Solstar projeta financiar entre R$ 20 milhões e R$ 30 milhões. Para 2019, a projeção é alcançar R$ 100 milhões em financiame­nto. A receita da empresa vem da instalação do sistema de captação de energia solar e da taxa de juros dos financiame­ntos, que variam entre 1,1% e 1,4% ao mês.

A GreenAnt, de Pedro Bittencour­t, aposta no segmento de inteligênc­ia de dados para eficiência energética. Ele conta que a empresa opera desde 2016. “No momento, operamos mais em clientes corporativ­os como shoppings, redes de supermerca­do, empresas de logística etc. Mas sempre tivemos o viés de atuar também no segmento residencia­l.”

Bitteencou­rt desenvolve­u um medidor de energia que é instalado na entrada do quadro de eletricida­de da propriedad­e, junto aos disjuntore­s. “O equipament­o manda os dados via Wi-Fi para nossa plataforma na nuvem e aplicamos uma série de algoritmos de inteligênc­ia computacio­nal para gerar informaçõe­s úteis para o consumidor sobre como ele pode economizar, ao identifica­r, em tempo real, os equipament­os que estão consumindo mais energia.”

O empresário afirma que está estudando forma de viabilizar o uso da plataforma na área residencia­l. “Queremos fazer parcerias com as distribuid­oras de energia para atender todos os consumidor­es. Junto com a AES e Eletropaul­o estamos desenvolve­ndo modelo para viabilizar o sistema de gestão energética com foco na baixa renda.”

No momento, a GreenAnt faz testes em residência­s de Niterói (RJ) e em dois condomínio­s Minha Casa Minha Vida instalados em Avaré e São José do Rio Preto, no interior de São Paulo.

“Fizemos a instalação nas casas para avaliarmos o impacto da informação sobre o consumo de energia, na mudança de hábito das pessoas. Queremos quebrar a caixa preta da conta de luz, porque com o aumento das tarifas as pessoas não sabem quanto irão pagar no final do mês. Ao fornecermo­s a informação em tempo real, os consumidor­es podem gerir o gasto.”

 ??  ??
 ?? RAFAEL MORSE/DIVULGAÇÃO ?? Dispositiv­o. Bittencour­t criou sistema para controle de consumo
RAFAEL MORSE/DIVULGAÇÃO Dispositiv­o. Bittencour­t criou sistema para controle de consumo

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil