A força da energia
Estudo identifica oito campos de atuação para a criação de empresas relacionadas à eficiência energética. Fábio Carrara (foto) criou financiadora para implantar sistema de captação solar
Oito oportunidades para empreender no segmento de eficiência energética foram identificadas em estudo feito em conjunto pela AES Tietê, Eletropaulo e a aceleradora de negócios de impacto social Artemisia.
Acesso à energia; geração e distribuição descentralizada de energia; inteligência de dados para eficiência energética; eficiência energética por meio da adequação de imóveis e equipamentos; eficiência energética na gestão e em equipamentos públicos; energia para produção no campo; meios de financiamento para acesso a serviços de energia não convencional; e capacitação e oportunidades para profissionais são as oportunidades detectadas.
Gerente de projetos da Artemisia, Paula Sato afirma que os parceiros do estudo esperam que o resultado obtido sirva de base para que quem quer investir no segmento, o faça com mais eficácia. “Esperamos que especialistas em energia, empresas, organizações sociais e uma nova geração de empreendedores identifiquem essas oportunidades e passem a fomentar mais esse campo.”
Fundador da Solstar, o engenheiro Fábio Carrara, conta que o negócio criado há três anos passou, nos últimos seis meses, por uma transição. “Deixamos de ser apenas uma empresa de engenharia que implanta sistemas de captação de energia solar, para nos transformarmos também em uma empresa de serviços financeiros.”
Carrara diz que a Solstar oferece linha de financiamento inovadora para o mercado de energia solar no Brasil. “Antes, implantávamos a solução para que residências e comércios produzissem a própria energia. Agora, também oferecemos linha de crédito, porque muitos clientes não conseguiam implantar os projetos por falta de financiamento atrativo. Queremos democratizar o acesso de energia solar no Brasil.”
O empresário diz que tentou trabalhar com várias instituições financeiras, mas desistiu porque os juros seriam exorbitantes. “Os bancos não enxergam que esse é um crédito de muita qualidade, porque a pessoa que investe em um sistema de energia solar não precisa tirar dinheiro do salário para pagar o empréstimo, o próprio sistema gera economia e se paga.”
Segundo ele, o financiamento que oferece é acessível à baixa renda, por não comprometer a renda. “Quem paga R$ 100 de conta de energia, com a geração de energia solar passa a pagar R$ 80 pelo financiamento.”
Ele diz que o preço de um sistema pequeno é de R$ 10 mil. “No nosso modelo, a pessoa paga entrada de R$ 1 mil e o restante é pago com a própria economia de energia em 84 meses. A partir do sétimo ano, com a quitação do financiamento, o cliente deixa de pagar conta de energia pelos próximos 20 anos, no mínimo, pois a vida útil do sistema é acima de 30 anos, podendo chegar a 50.”
Além disso, o excedente de energia gerada é injetada na rede e vira crédito financeiro para o proprietário. “Como a conta de energia tem subido muito, além de gerar economia, a pessoa deixa de ter de arcar com os novos aumentos.”
Neste ano, a Solstar projeta financiar entre R$ 20 milhões e R$ 30 milhões. Para 2019, a projeção é alcançar R$ 100 milhões em financiamento. A receita da empresa vem da instalação do sistema de captação de energia solar e da taxa de juros dos financiamentos, que variam entre 1,1% e 1,4% ao mês.
A GreenAnt, de Pedro Bittencourt, aposta no segmento de inteligência de dados para eficiência energética. Ele conta que a empresa opera desde 2016. “No momento, operamos mais em clientes corporativos como shoppings, redes de supermercado, empresas de logística etc. Mas sempre tivemos o viés de atuar também no segmento residencial.”
Bitteencourt desenvolveu um medidor de energia que é instalado na entrada do quadro de eletricidade da propriedade, junto aos disjuntores. “O equipamento manda os dados via Wi-Fi para nossa plataforma na nuvem e aplicamos uma série de algoritmos de inteligência computacional para gerar informações úteis para o consumidor sobre como ele pode economizar, ao identificar, em tempo real, os equipamentos que estão consumindo mais energia.”
O empresário afirma que está estudando forma de viabilizar o uso da plataforma na área residencial. “Queremos fazer parcerias com as distribuidoras de energia para atender todos os consumidores. Junto com a AES e Eletropaulo estamos desenvolvendo modelo para viabilizar o sistema de gestão energética com foco na baixa renda.”
No momento, a GreenAnt faz testes em residências de Niterói (RJ) e em dois condomínios Minha Casa Minha Vida instalados em Avaré e São José do Rio Preto, no interior de São Paulo.
“Fizemos a instalação nas casas para avaliarmos o impacto da informação sobre o consumo de energia, na mudança de hábito das pessoas. Queremos quebrar a caixa preta da conta de luz, porque com o aumento das tarifas as pessoas não sabem quanto irão pagar no final do mês. Ao fornecermos a informação em tempo real, os consumidores podem gerir o gasto.”