O Estado de S. Paulo

Doria vence prévias; Covas assume Prefeitura no dia 7

Prévias. Tucano tem 80% dos votos e faz discurso com críticas a Lula e a Haddad; Alckmin, que se manteve neutro na disputa interna, não participa da festa do partido

- Adriana Ferraz Pedro Venceslau

O prefeito João Doria venceu, no primeiro turno, as prévias do PSDB e será o candidato do partido ao governo de São Paulo. Ele pretende deixar a Prefeitura da capital paulista até o dia 7 de abril, quando Bruno Covas, também do PSDB, assumirá o comando da cidade para um mandato de quase 3 anos. Doria obteve 80% votos. Em segundo lugar ficou o secretário estadual Floriano Pesaro, seguido pelo cientista político Luiz Felipe d’Ávila e pelo ex-senador José Aníbal. O governador Geraldo Alckmin, pré-candidato à Presidênci­a, evitou declarar apoio a João Doria na eleição para o Palácio dos Bandeirant­es. O vice de Alckmin, Márcio França (PSB), também deverá ser candidato ao governo em outubro, o que levará o presidenci­ável a ter um palanque duplo no Estado.

O prefeito João Doria confirmou o favoritism­o e venceu ontem, com 80% dos votos válidos, as prévias do PSDB para a escolha do candidato do partido à sucessão de Geraldo Alckmin. A vitória no primeiro turno veio mesmo sem o apoio formal do governador que, diferentem­ente de 2016, quando pediu votos a Doria, agora se manteve neutro na disputa e não participou da festa à noite no diretório estadual da sigla. O resultado faz do vice, Bruno Covas, o novo prefeito da capital a partir de 7 de abril. Um dia antes, Doria vai renunciar ao cargo com 15 meses de gestão.

No discurso da vitória, Doria voltou a criticar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT e saudou Bruno já como prefeito. “Lula disse que (o governo Fernando) Haddad foi o melhor de São Paulo e não foi. São Paulo disse que não, e elegeu a mim e ao Bruno Covas com 53% dos votos”, afirmou Doria, que também se justificou sobre a saída precoce do cargo. “São Paulo não perde um gestor, mas ganha três: Bruno Covas na Prefeitura, eu no Estado e Alckmin na Presidênci­a.”

Ao comentar sobre a futura campanha, Doria disse que pretende manter “o legado e a grandeza” de Alckmin e afirmou que vai ajudar o governador a virar presidente.

Em um tom conciliado­r, Bruno disse que a escolha de Doria não foi a portas fechadas, por meia dúzia de pessoas, e afirmou que o desejo agora é fazer uma campanha com todos os filiados, não com os 80% que votaram no prefeito. Disse ainda que espera ter o apoio do deputado federal Floriano Pesaro e do cientista político Luiz d’Ávila, que ficaram em segundo e terceiro lugares, respectiva­mente. O suplente de senador José Aníbal foi o último colocado.

Pesaro classifico­u o resultado como “expressivo e inconteste”. “Agora vamos trabalhar pela eleição de Doria governador e Alckmin presidente da República”, disse o parlamenta­r que desde 2015 é secretário estadual de Desenvolvi­mento Social. Ontem, ele foi o único a ser chamado por Alckmin para um encontro informal na parte da tarde, em uma padaria na zona sul da capital.

Mais cedo, o governador cumpriu agenda pública ao lado de Doria e Bruno Covas, mas não sinalizou apoio à dupla nem demonstrou proximidad­e. Em seu discurso, apenas um aceno a Doria, chamado por ele de “João trabalhado­r”, em referência ao slogan usado na campanha de 2016. Em seguida disse: “Acorda cedo e dorme tarde.”

Silêncio. Apesar de Doria negar, a ausência de Alckmin após a divulgação do resultado causou mal-estar entre aliados do prefeito. Além de não ir ao diretório, o governador não mandou sequer uma mensagem pública de congratula­ção. Até a conclusão desta edição, os perfis oficiais de Alckmin no Twitter e no Facebook traziam postagens novas, mas sobre o evento da manhã. “O governador não tinha a obrigação de estar aqui (na festa) hoje. Como bom democrata, ele estará ao nosso lado”, afirmou o prefeito.

Crítico a Doria em todo o processo das prévias, especialme­nte pelo fato de o prefeito ter se colocado oficialmen­te como pré-candidato somente na segunda-feira passada, seis dias antes do pleito interno, d’Ávila afirmou ontem que vai apoiar a eleição de Doria. “O processo foi açodado, mas acabou.” Aníbal não se manifestou.

De acordo com o PSDB-SP, a lista paulista de filiados tem 308 mil nomes, mas só há 64 mil considerad­os ativos. Desses, 23% foram às urnas ontem, num total de 15.062 eleitores.

Palanque duplo. O palanque de Doria, porém, não será o único governista. O vice de Alckmin e candidato à reeleição, Márcio França (PSB), também disputa o apoio do governador e planeja fazer de sua campanha uma extensão do governo, do qual faz parte desde 2015. O prefeito afirmou não ver problema no palanque duplo e disse que a partir de hoje vai buscar os partidos que ainda não definiram posição.

Classifica­do como um político experiente, principalm­ente na formação de alianças, França já foi escolhido como adversário por Doria, e colocado no campo da “esquerda” (mais informaçõe­s nesta página). Ao comentar a vitória do prefeito, ele ressaltou que foi escolhido por Alckmin para ser seu vice, afirmando ser o candidato dele.

“E sou de centro-esquerda, sim, como era Mario Covas”, afirmou em tom de provocação. França ainda disse considerar Doria um adversário. “O problema dele é com o cumpriment­o da palavra.” Paulo Skaf (MDB) e Luiz Marinho (PT) também são pré-candidatos.

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DANIEL TEIXEIRA / ESTADÃO Maioria. Doria comemora resultado
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DANIEL TEIXEIRA/ESTADÃO Vitória. O prefeito João Doria comemora o resultado das prévias do PSDB para decidir o candidato do partido ao governo

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