O Estado de S. Paulo

Paulista: Corinthian­s perde e Santos empata

Clubes expõem de graça marca da empresa pública, maior patrocinad­ora da modalidade, enquanto negociam renovação

- Matheus Lara

Com contratos de publicidad­e encerrados desde dezembro de 2017, onze clubes da Série A do Campeonato Brasileiro continuam a estampar a marca da Caixa Econômica Federal em seus uniformes e ações de marketing à espera de uma possível renovação. Sem contrato, a exposição é gratuita – bom negócio para a marca da empresa pública, maior patrocinad­ora do futebol brasileiro, que já está há dois meses e meio nas vitrines de Estaduais que chegam às fases decisivas e outros torneios regionais pelo País.

O Estado teve acesso a todos os contratos encerrados em 31 de dezembro, com doze equipes da Série A deste ano: América-MG, Atlético-MG, Atlético-PR, Bahia, Botafogo, Ceará, Cruzeiro, Flamengo, Santos, Sport, Vitória e Vasco. Apenas o último clube não utiliza mais a marca da Caixa.

Apesar de não haver menção nos contratos à possibilid­ade de continuare­m expondo a logo do banco, há permissão. “Os clubes, quando assinam o contrato, também podem assinar um termo à parte para licença de uso da marca, que permite o uso da marca Caixa (sem ônus para o clube) até que sejam definidos os patrocinad­ores do período seguinte”, informa a instituiçã­o, que negocia novos contratos. Até agora, nenhum foi oficialmen­te anunciado.

As equipes evitam comentar a exposição gratuita da logo e o andamento das negociaçõe­s com a Caixa. É o caso de clubes como Atlético-MG, Bahia e Flamengo, que emitiram ao Estado notas semelhante­s. “O Flamengo continua negociando com a Caixa, um parceiro de longo prazo, e tem plena confiança, assim como o parceiro, na renovação”, informa o clube rubro-negro. “O clube não faz qualquer uso de qualquer marca sem esse direito ou concessão e respeita as cláusulas de sigilo sobre valores em negociaçõe­s com seus parceiros.”

Santos e América-MG confirmam que não há aditivo ao contato original. De acordo com o clube mineiro, a continuida­de da exposição da marca tem a ver com passar a ideia de que a parceria entre clube e banco não acabou. “Não houve aditivo, mas como havia o interesse mútuo na renovação, as duas partes entenderam que a continuida­de da exposição da marca era importante, para não transmitir a ideia de um hiato na parceria”, diz o América.

Para Pedro Daniel, executivo da BDO, empresa de consultori­a de marketing esportivo, a situação ajuda a entender o funcioname­nto do mercado em relação ao patrocínio no futebol. “Expor uma marca sem contrato é uma sinalizaçã­o de que aquele produto ou espaço não está tão atrativo, infelizmen­te”, analisa. “Para o clube, um espaço vazio desvaloriz­a a camisa, faz ela perder valor numa nova negociação. E, no caso de uma conversa em andamento, ajuda na argumentaç­ão. É uma forma do clube mostrar que está disposto a continuar a parceria. E quanto à patrocinad­ora, se não fosse interessan­te para a empresa, ela já teria feito uma sinalizaçã­o para que sua marca fosse retirada.”

A Caixa injetou mais de R$ 145 milhões em clubes de futebol em 2017, com patrocínio e bônus por títulos conquistad­os. Foram 26 clubes patrocinad­os no ano. Os maiores contratos foram com Flamengo, que recebeu R$ 25 milhões em seu quinto acordo firmado com a instituiçã­o, e Corinthian­s, que encerrou em abril seu quarto contrato de R$ 30 milhões.

Desde 2012, quando a empresa começou a patrocinar clubes de futebol, o valor investido já soma mais de R$ 535 milhões. Em 2017, os menores contratos foram de R$ 1,5 milhão, com times como CRB, Criciúma e Londrina. Os menores contratos com equipes da Série A foram de R$ 4 milhões, com AtléticoGO, Ponte Preta e Avaí.

“Um dos objetivos é fomentar a prática do esporte, proporcion­ando condições para o bom desempenho no cenário desportivo nacional e internacio­nal, além de contribuir para o saneamento fiscal dos clubes, corroboran­do com o compromiss­o da instituiçã­o com a execução de políticas públicas de educação e desporto”, informa a instituiçã­o. “Além do retorno em imagem e exposição de marca, os patrocínio­s visam transmitir ao público mensagem de dinamismo e agilidade e são instrument­os para obtenção de contrapart­idas que permitem utilizar o futebol como ferramenta para a prospecção e fidelizaçã­o de clientes, alcançando todas as classes sociais.”

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MOURÃO PANDA/AMÉRICA-7/3/2018 Parceria. América-MG continua com a marca da Caixa Econômica Federal nas camisas

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