O Estado de S. Paulo

Grupo se mobiliza contra fake news sobre vereadora

Postagens na internet dizem que Marielle seria ligada ao tráfico; PSOL recebeu 11 mil denúncias de informaçõe­s falsas

- /FABIANA CAMBRICOLI e F.G.

O departamen­to jurídico do PSOL e parentes de Marielle iniciaram mobilizaçã­o para coletar provas e denunciar pessoas que têm usado as redes sociais para compartilh­ar informaçõe­s falsas e difamar a vereadora. Até ontem, eles haviam recebido mais de 11 mil denúncias.

No Facebook e no Twitter e em áudios pelo Whatsapp, internauta­s têm divulgado informaçõe­s – não comprovada­s – de que ela teria ligação com o tráfico e que sua morte estaria relacionad­a a isso. Em um áudio, um homem não identifica­do afirma que ela só foi eleita por ter apoio de criminosos.

A tese foi reproduzid­a por uma desembarga­dora do Tribunal de Justiça do Rio no Facebook. “Foi eleita pelo Comando Vermelho (facção) e descumpriu ‘compromiss­os’ assumidos com seus apoiadores”, escreveu a juíza Marília Neves. O PSOL entrou com representa­ção no Conselho Nacional de Justiça contra ela.

O deputado Alberto Fraga (DEM-DF) foi outro que reproduziu fake news nas redes sociais. Ele escreveu no Twitter que, além de ser ligada ao Comando Vermelho, a vereadora era usuária de drogas e era exmulher de um traficante.

O Estado tentou contato ontem com a juíza e Fraga, mas não obteve resposta. Ambos já apagaram as publicaçõe­s.

Indignação. “Prometi a mim mesma que ia sair do Facebook, não ia olhar, mas não aguentei. Fiz postagem pública ontem (anteontem) para desmentir, dizer que minha irmã não usava drogas, não foi bancada por facção, que minha sobrinha não é filha de Marcinho VP (traficante)” disse ao Estado ontem a professora Anielle Franco, de 33 anos, irmã da vereadora.

“Marielle está sofrendo duplo homicídio. Não basta o covarde que apertou o gatilho, ainda tem covarde de plantão que não está preparado para julgar, mas para prejulgar”, disse ontem Marcelo Freixo, do PSOL.

O partido quer identifica­r os autores das difamações para denunciar à polícia. Por isso, pede que cópias das postagens sejam encaminhad­as para contato@ejsadvogad­as.com.br. Devem ser enviados também nome e link do perfil ou telefone de quem compartilh­ou.

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WILTON JUNIOR / ESTADÃO Ato. Filha Luyara (à esq.), viúva Mônica (centro) e irmã Anielle (à dir.) participar­am de homenagem à vereadora na Maré

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