O Estado de S. Paulo

Em um só aniversári­o, Cunha fica 134 anos mais velha

- José Maria Tomazela

O aniversári­o de Cunha, no Vale do Paraíba, interior paulista, não vai deixar hoje a cidade de 22 mil habitantes somente um ano mais velha. O município, que iria completar 160 anos, vai envelhecer 134 de uma vez.

O salto para o passado – a idade oficial passa a ser de 294 anos – é resultado de uma pesquisa histórica, cuja conclusão é de que o núcleo urbano surgiu muito antes do que se pensava. O “envelhecim­ento” da cidade foi decidido após audiências públicas e a aprovação de uma lei pela Câmara Municipal, oficializa­ndo a nova data da fundação.

Para o historiado­r João Veloso, como acontece com as pessoas, a passagem do tempo deixa marcas numa cidade que a “maquiagem” da modernizaç­ão não consegue esconder. No caso de Cunha, uma dessas “rugas” é a Igreja da Boa Vista.

“Todos os registros históricos indicam que a antiga Capela de Jesus, Maria e José da Boa Vista, o marco zero da cidade, foi construída em 1724. É evidente que a construção da capela decorre da presença de famílias no entorno. Ou seja, já nessa época havia uma povoação”, explica o historiado­r.

A Igreja Matriz e alguns imóveis do centro também foram edificados há mais de 160 anos. Isso indica que o núcleo urbano tinha mais idade do que a oficial. Muitas casas são parecidas com as de Paraty, cidade fundada em 1667 na mesma região, embora no Estado do Rio. Veloso conta que a data da fundação foi tomada “por empréstimo” do evento que resultou na elevação de vila à cidade, em 20 de abril de 1858.

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