O Estado de S. Paulo

Na disputa por ativos como Walmart, Advent tem R$ 10 bi para investir no País

- Mônica Scaramuzzo

Enquanto rivais fecharam os escritório­s no País, fundo americano de participaç­ão em empresas viveu um dos melhores anos da sua história, ao embolsar R$ 4 bi com vendas de negócios e, na outra ponta, investir R$ 1,6 bi em companhias com potencial de cresciment­o

Em um período marcado por recessão e em que parte dos seus pares chegou a deixar o País, o fundo de private equity Advent registrou no ano passado um dos melhores desempenho­s de sua história. A gestora americana, que compra participaç­ões em empresas para revendê-las com lucro, embolsou R$ 4 bilhões ao se desfazer de negócios dos quais era sócia, como o terminal portuário TCP, em Paranaguá (PR), e sua fatia no laboratóri­o Fleury.

Na outra ponta, investiu R$ 1,6 bilhão em empresas com potencial de expansão. E mantém o apetite em alta: segundo fontes, o fundo está na briga pela operação da rede de supermerca­dos Walmart no País e não desistiu da Via Varejo, divisão de eletroelet­rônicos do Grupo Pão de Açúcar. O fundo também não descarta ativos em concessão de rodovias.

Enquanto fundos como o americano Texas Pacific Group (TPG) e o britânico 3i fecharam os escritório­s no País, o Advent investiu cerca de R$ 600 milhões para arrematar uma fatia de 10,4% no grupo de educação Estácio, que teve a fusão com a Kroton barrada. O objetivo é repetir o feito da Kroton, antigo investimen­to do fundo que se transformo­u no líder do setor.

Para investir, o bolso é fundo. O Advent tem cerca de R$ 10 bilhões em caixa, apurou o Estado. Parte desses recursos foi já captada para aporte direto no Brasil e outra vem do fundo global, que pode ser direcionad­o para países da América Latina.

Durante a crise, ativos de infraestru­tura, educação, saúde e operações financeira­s foram os que mais tiveram aportes de investidor­es, diz Clóvis Meurer, da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP). Aos poucos, com a recuperaçã­o da economia e a melhora do consumo as empresas de varejo voltam ao radar dos investidor­es.

No caso da Walmart, as conversas entre Advent e a gigante americana começaram há mais de seis meses. A rede busca um sócio minoritári­o para reerguer sua subsidiári­a brasileira, que vem acumulando resultados negativos nos últimos anos. Além do Advent, outros fundos estão avaliando o negócio. Na Via Varejo, a gestora avalia se volta a olhar o negócio. A C&A foi oferecida ao fundo, segundo fontes, mas o Advent não quis. Procurados, Walmart, Advent e Via Varejo não comentam.

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PRESENÇA DO ADVENT NO MUNDO

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