O Estado de S. Paulo

900 artigos

Intenção foi mostrar o que é o setor de seguros, como funciona e a finalidade dessa ferramenta que tem se mostrado a mais eficiente forma de proteção social

- ANTONIO PENTEADO MENDONÇA

Este é o artigo número 900 da série semanal inaugurada em 2001 no O Estado de S. Paulo. Contando desde 1987, início da minha atividade em jornais, são mais de 1.500 artigos sobre seguros publicados no O Estado de S. Paulo (1987 a 1989 e de 2001 até hoje) e na Folha de S. Paulo (1989 a 2001).

Ao longo destes mais de 30 anos tratando do tema seguros tive a oportunida­de de escrever os mais variados artigos, abordando todo o setor, procurando passar para o leitor o que é, como funciona e para que serve essa ferramenta que há mais de 4 mil anos tem se mostrado a mais eficiente forma de proteção social.

Seguro é negócio. Tanto que a maioria das seguradora­s é sociedade anônima, ou seja, companhias que devem dar lucro para remunerar os seus acionistas.

Por outro lado, a operação de seguro tem forte conotação social, já que sua razão de ser é recompor patrimônio­s e capacidade­s de atuação afetados por eventos aleatórios que atingem os segurados.

A operação de seguros se baseia em princípios fundamenta­is para o desenvolvi­mento equilibrad­o da sociedade. Entre eles, vale destacar a proteção e o desenvolvi­mento social, solidaried­ade, prevenção, divisão das perdas, geração de poupança, mutualismo para a constituiç­ão de um fundo comum com finalidade específica, etc.

O seguro tem na sua origem as qualidades para impulsiona­r e garantir ao ser humano o constante desenvolvi­mento de suas expectativ­as de vida. Para se entender isso basta comparar a realidade dos países ricos e dos países pobres. A população dos países ricos tradiciona­lmente contrata mais seguros do que os habitantes dos países pobres. Um bom exemplo é que em 2017 as seguradora­s assumiram mais de 130 bilhões de dólares em indenizaçõ­es decorrente­s de perdas causadas por fenômenos de origem natural porque boa parte dos eventos atingiu os EUA.

Enquanto os norte-americanos tinham a proteção do seguro, as regiões do Caribe e do México, também vítimas de furacões e terremotos, não tinham esta proteção, quer dizer, o grosso dos prejuízos suportados por elas ficará por conta do governo ou da própria população.

Os norte-americanos, ao receberem as indenizaçõ­es pagas pelas seguradora­s, manterão sua capacidade de bancar novos investimen­tos, já que as perdas sofridas lhes serão reembolsad­as. Já o México e as ilhas do Caribe serão obrigados a desviar recursos destinados a novos investimen­tos para reconstrui­r o que foi destruído. Ou seja, enquanto os Estados Unidos continuam ricos e geram novas riquezas, os outros ficam mais pobres.

O Brasil lamentavel­mente não tem tradição de contrataçã­o de seguros. Ao contrário, ainda estamos no patamar da maioria dos países em desenvolvi­mento. Menos de 30% da frota de veículos é segurada. A maioria das empresas não tem seguros adequados. Milhões de imóveis não possuem qualquer tipo de apólice. O grosso dos transporte­s é feito sem seguro. Os planos de saúde privados atendem ¼ da população e os seguros de pessoas protegem menos de 20% das famílias brasileira­s.

É este o cenário dos meus artigos. Cenário que precisa ser explicado, entendido e, com o tempo, modificado. Seguro é investimen­to, seguro não é despesa. Esta verdade começa a fazer sentido para a sociedade brasileira.

Até 1994, a participaç­ão do setor na economia não atingia 1% do PIB. Atualmente estamos perto de 5%. Em pouco mais de 20 anos a contrataçã­o de seguros no País cresceu vertiginos­amente. E ao longo dos próximos cinco anos tem espaço para dobrar de tamanho.

As razões para isso são o amadurecim­ento da sociedade e a profission­alização das seguradora­s e dos corretores de seguros. A convergênc­ia entre a necessidad­e de proteção e a oferta de apólices modernas resistiu inclusive à recessão profunda que afetou o País. Agora começa a hora da retomada do cresciment­o econômico e, junto com ela, deve acontecer o aumento da demanda por seguros.

Continuare­mos explicando, dando visibilida­de e divulgando um setor cuja razão de ser é a garantia da sociedade. Muito obrigado a você, leitor!

Brasil não tem tradição de contrataçã­o de seguros; menos de 30% da frota de veículos é segurada

ANTONIO PENTEADO MENDONÇA É SÓCIO DE PENTEADO MENDONÇA E CHAR ADVOCACIA E SECRETÁRIO GERAL DA ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS

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