O Estado de S. Paulo

Após prévias, Alckmin já se equilibra entre dois palanques.

Pré-candidato ao Planalto, governador de São Paulo tem dois aliados na sucessão no Estado: o tucano João Doria e vice Márcio França (PSB)

- Daniel Weterman Pedro Venceslau COLABOROU ADRIANA FERRAZ

Um dia após o prefeito João Doria vencer as prévias do PSDB para ser o candidato tucano ao governo de São Paulo, o governador Geraldo Alckmin fez ontem seu primeiro gesto de apoio ao tucano, mas também distribuiu afagos ao vice-governador Márcio França, que vai disputar o Palácio dos Bandeirant­es pelo PSB.

Questionad­o se pedirá votos para Doria e França ao mesmo tempo, Alckmin desconvers­ou e disse que a campanha começa apenas em agosto. O governador ficou neutro nas prévias e não participou da festa de vitória de Doria na sede do PSDB na capital, no domingo.

“O candidato do meu partido será o João Doria, portanto estaremos juntos”, disse Alckmin a jornalista­s após participar de um evento na sede do governo. Sobre França, afirmou que o vice está preparado para assumir o governo de São Paulo. “São quatro anos nos acompanhan­do. A candidatur­a é extremamen­te legítima.” França assumirá o governo em abril, quando Alckmin deixará o cargo para ser candidato à Presidênci­a.

O governador esteve ao lado do vice em evento de assinatura de convênios com cerca de 100 prefeitos do Estado. Alckmin voltou a falar do quadro de fragmentaç­ão partidária no País, que permite o duplo palanque em São Paulo, e não respondeu por que não foi ao ato de comemoraçã­o da vitória de Doria.

Ao ser anunciado para discursar, França foi bastante aplaudido e saudado como “nosso governador”. O secretário da Saúde, David Uip, disse que o pessebista tem “total competênci­a” para assumir o governo.

Farpas. O vice-governador reagiu ontem a entrevista de Doria ao Estado na qual o tucano afirmou que França está alinhado com a “extrema esquerda”, enquanto ele estaria “em outro campo”. “Acho que esse é um discurso atrasado, mais para o passado do que para o futuro. O problema do Doria é não cumprir a palavra. Ele não tem palavra. Isso inibe as pessoas de terem confiança nele”, disse.

França afirmou ainda que o governador “já fez a escolha” quando o convidou para ser vice. “Ele sabia que iria sair e que eu ficaria no lugar dele. De certa forma (Alckmin) já escolheu quem gostaria que os paulistas tivessem como governador.”

O vice disse que ajudou a eleger Doria prefeito em 2016 e que a diferença entre os dois está em “cumprir a palavra”. “Não quero dizer que ele não seja competente. Ele é, mas na medida em que ele não cumpre a palavra, as pessoas ficam desconfiad­as e acho que isso vai ter uma consequênc­ia grande para ele.” França afirmou que a campanha vai ser feita “com respeito”, a Doria. “Mas não tira a marca: a palavra não cumprida.”

Ontem, Doria minimizou a ausência de Alckmin nas prévias. “A primeira ligação que recebi foi a do governador Geraldo Alckmin me cumpriment­ando e dizendo: ‘Agora juntos. A sua candidatur­a é a candidatur­a do PSDB’”, afirmou.

Ao se referir a França, Doria repetiu que o vice está do lado oposto ao seu. “Seu partido, o PSB, está alinhado com o PT no Norte e Nordeste, defendendo Lula e os outros criminosos do PT. Nosso campo é distinto.”

Disputa “O candidato do meu partido será o João Doria, portanto estaremos juntos.”

“São quatro anos nos acompanhan­do . A candidatur­a (de Márcio França) é extremamen­te legítima.” Geraldo Alckmin GOVERNADO DE SÃO PAULO Diretoria de Análise de Políticas Públicas da FGV aponta que, das 23,8 mil menções a Doria entre 0h de sexta e 13h de ontem, 5,4 mil (22,7%) são críticas ao fato de o prefeito não terminar o mandato.

“O problema do Doria é não cumprir a palavra. Ele não tem palavra. Isso inibe as pessoas de terem confiança nele.”

Márcio França (PSB)

VICE-GOVERNADOR DE SÃO PAULO

“Seu partido (de França), o

PSB, está alinhado com o PT no Norte e Nordeste, defendendo Lula (...) O nosso campo é distinto.”

João Doria (PSDB)

PREFEITO DE SÃO PAULO

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FELIPE RAU/ESTADÃO - 4/9/2017 Sucessão. O governador Geraldo Alckmin (PSDB) elogia o prefeito tucano, João Doria, mas diz que candidatur­a do vice Márcio França (PSB) é legítima
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