O Estado de S. Paulo

Vereadora de Niterói, amiga de Marielle denuncia ameaças

Talíria Petrone recebeu vários ataques pelas redes sociais e pelo telefone; partido estuda oferecer segurança a ela

- Roberta Jansen / RIO

Parlamenta­r mais votada de Niterói, na Grande Rio, única mulher na Câmara Municipal, negra e feminista, Talíria Petrone era amiga da vereadora Marielle Franco (PSOL) e apontada como sua sucessora natural dentro do partido. Diferentem­ente da colega assassinad­a na última quarta, Talíria já recebeu várias ameaças de morte por telefone e pelas redes sociais.

Uma queixa foi feita pela parlamenta­r em novembro, na 76.ª Delegacia de Polícia (Icaraí). O caso, porém, não teve desdobrame­ntos. O PSOL avalia oferecer segurança à vereadora. Ela pode concorrer como vice na chapa do partido ao governo do Estado, encabeçada por Tarcísio Motta. Talíria ocuparia vaga planejada para Marielle. A investigaç­ão sobre essas ameaças podem ajudar na investigaç­ão do caso de Marielle, acreditam assessores do partido.

“Desde o início do mandato, numa Câmara majoritari­amente conservado­ra, com muitos representa­ntes da extrema direita, sofro ameaças”, contou ao Estado. “Enfrento muitas reações: são ataques sistemátic­os nas redes sociais, em que sou chamada de ‘vagabunda’, em que dizem que se me encontrare­m na rua vão ‘meter uma bala na minha cara’, para eu ‘voltar pra senzala’.”

Depois, a hostilidad­e ficou mais visível. A sede do PSOL em Niterói foi invadida por um homem armado, que ameaçava a vereadora. Segundo assessores, latas de tinta são mantidas na sede só para apagar recorrente­s pichações contra ela. Em eventos públicos são comuns xingamento­s e ameaças como “só matando mesmo”.

“Mas chegou ao ápice em 14 de novembro, quando foram feitas ligações sistemátic­as para a sede do PSOL, me chamando de ‘piranha’, de ‘vagabunda’, dizendo que iam explodir a sede do partido, me matar com uma bomba”, contou Talíria.

Maré. Professora de História e mestranda em Serviço Social, Talíria começou sua militância na época em que dava aulas no pré-vestibular no Complexo da Maré, zona norte carioca. Ali conheceu Marielle. As duas tinham pautas muito parecidas.

Na sua primeira candidatur­a, foi a vereadora mais votada de Niterói. Talíria, a exemplo da amiga, preside a Comissão dos Direitos Humanos na Câmara. Nela, já fez inúmeras denúncias de violência policial. “Essas bandeiras que levantamos mexem muito com as estruturas da sociedade, são considerad­as uma afronta por muitas pessoas.”

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SÉRGIO GOMES/CÂMARA MUNICIPAL DE NITERÓI Em risco. Taliria já fez queixas na polícia

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