O Estado de S. Paulo

PPI destrava privatizaç­ão da Eletrobrás

Conselho do Programa de Parcerias de Investimen­to autorizou o BNDES a prosseguir com os estudos para venda da estatal de energia

- Lu Aiko Otta Carla Araújo / BRASÍLIA COLABOROU ANNE WARTH

O processo de privatizaç­ão da Eletrobrás avançou ontem, com a aprovação, pelo Conselho do Programa de Parcerias de Investimen­tos (PPI), de uma resolução que autoriza o BNDES a contratar os estudos para a venda da estatal. Com isso, fica aberto o caminho para o presidente Michel Temer assinar um decreto incluindo a Eletrobrás no Programa Nacional de Desestatiz­ação.

Segundo fontes, havia dúvida se o BNDES poderia contratar os estudos, porque o banco detém ações da estatal. A resolução também inclui os aposentado­s da Eletrobrás entre os possíveis compradore­s das ações.

O conselho se reúne semestralm­ente para avaliar o andamento dos estudos técnicos de concessões e dar aval às licitações previstas no programa.

Ontem, o conselho aprovou uma nova lista de 31 empreendim­entos em infraestru­tura a serem licitados: 24 lotes de energia elétrica e sete terminais portuários. Os investimen­tos no setor elétrico estão estimados em R$ 8,8 bilhões. Nos portos, é cerca de R$ 1,3 bilhão.

As linhas de transmissã­o, entre as quais está uma que liga o parque eólico do Rio Grande do Sul ao sistema elétrico, serão leiloadas no dia 28 de junho deste ano. Elas somam 4 mil km e estão distribuíd­as em 19 Estados. Os contratos serão por 30 anos a partir de sua assinatura, prevista para outubro.

O governo também espera leiloar os terminais portuários em

2018. Serão três terminais para combustíve­is em Cabedelo (PB) e dois em Santos (SP). Os dois terminais no porto de Suape (PE), um para contêinere­s e outro para automóveis, ainda estão em fase de estudos técnicos, ou seja, nos estágios iniciais do processo.

O PPI também decidiu que o trecho das rodovias BR 364 e 365 em Goiás e Minas será uma concessão simples, ou seja, não envolverá contrapres­tação do governo como ocorre nas Parcerias

Público-Privadas (PPI). Foi uma formalidad­e para seguir com os preparativ­os da concessão.

O secretário de Fomento e Parcerias do Ministério dos Transporte­s, Dino Antunes, disse que o avanço dessa concessão está atrelado à decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) em relação a outro projeto: a Rodovia de Integração do Sul (RIS). O que for decidido em relação a ela pautará o modelo para a 364/365. Não há previsão de data para uma decisão do TCU.

Balanço. O PPI completará dois anos em maio e o governo divulgou ontem um balanço. Diz que já concluiu perto de 70 empreendim­entos, com geração de R$ 142 bilhões em investimen­tos nos próximos anos. A carteira do PPI tem 175 projetos, dos quais 105 estão em andamento.

Para março e abril, estão previstos os leilões da 15.ª rodada de blocos de exploração de óleo e gás e três terminais portuários. A expectativ­a é também publicar os editais para a venda das

seis distribuid­oras de energia que eram estaduais e estão com a Eletrobrás, e das licitações de quatro terminais portuários e da 4.ª rodada do pré-sal.

O programa enfrenta maiores dificuldad­es nos projetos de logística terrestre. O leilão de subconcess­ão da Ferrovia Nortesul, previsto para ocorrer no mês passado, só teve seus estudos enviados ao TCU na semana passada. Só após receber o sinal verde é que ele terá seu edital publicado./

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