O Estado de S. Paulo

Receita libera free shops terrestres

Lei para instalação de lojas francas em cidades de fronteira já havia sido aprovada em 2012

- Idiana Tomazelli Luci Ribeiro / BRASÍLIA

A Receita Federal regulament­ou ontem a instalação e funcioname­nto de lojas francas, mais conhecidas como duty free ou free shops, em zonas de fronteira terrestre.

A medida é um dos passos que faltavam para a abertura desses estabeleci­mentos em municípios brasileiro­s caracteriz­ados como “cidades gêmeas”, ou seja, que estão ao lado de outras localizada­s em país distinto. Hoje são 32 municípios classifica­dos dessa forma.

O Brasil tem hoje lojas francas em portos e aeroportos, onde são vendidos produtos nacionais ou estrangeir­os livres de tributos aos viajantes. Uma lei aprovada em 2012 autorizou a abertura dos free shops em fronteiras terrestres, mas a regulament­ação estava pendente.

A regulament­ação da Receita determina que, no caso de free shops em fronteiras terrestres, o valor máximo da cota para a aquisição de produtos é de US$ 300 a cada mês até 1.º de julho, quando há previsão de redução dessa cota isenta para US$ 150. Também há limites quantitati­vos no caso de bebidas alcoólicas (12 litros), cigarros (20 maços), entre outros.

Concorrênc­ia. Segundo a senadora Ana Amélia (PP-RS), relatora

Paulo Ziulkoski

do projeto que virou lei em 2012, havia grande queixa dos empresário­s do comércio do lado brasileiro que perdiam consumidor­es para o outro lado da fronteira. A limitação da quantidade visa a proteger as atividades nacionais, explica Ana, e ao mesmo tempo tornará o lado brasileiro beneficiár­io do chamado “turismo de compras”. “Haverá concorrênc­ia, pois haverá free shop nos dois lados.”

Segundo o auditor fiscal Felipe Mendes Moraes, chefe da divisão de Despachos de Exportação e Regimes Aduaneiros da Receita Federal, os brasileiro­s que viajam a essas cidades também poderão adquirir produtos livres de impostos, desde que portem documento de identifica­ção com CPF. “Não há uma limitação para quem reside no município, o que há (de exigência) na legislação da Receita Federal é que seja viajante.”

A medida era aguardada pelos municípios que fazem divisa terrestre com outros países. A expectativ­a é de que a abertura das lojas movimente a economia local e gere novos empregos. Só no Rio Grande do Sul, há 11 municípios na fronteira com Uruguai e Argentina habilitado­s a receber os free shops.

“Por exemplo, em Santana do Livramento, eles já usufruem diretament­e da movimentaç­ão que tem em Rivera, do outro lado. Mas eles pensam que, tendo (lojas francas) no Brasil também, isso vai atrair turistas para adquirir no Brasil”, explica o presidente da Confederaç­ão Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski.

A demora na regulament­ação da instalação dos free shops em fronteira terrestre se deveu à necessidad­e de desenvolve­r um sistema para controlar os fluxos comerciais desses estabeleci­mentos. A Receita trabalha para finalizar esse sistema e concluir os testes da plataforma. “Acredito que em maio o sistema já estará finalizado para alguns testes”, afirmou Moraes.

“Por exemplo, em Santana do Livramento, eles já usufruem do movimento que tem em Riviera, do outro lado. Mas pensam que tendo (lojas francas) no Brasil vão atrair turistas.”

PRESIDENTE

DA CNM

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