O Estado de S. Paulo

Prévia do PIB de janeiro fica negativa

IBC-Br cai 0,56%, abaixo da previsão do mercado, que esperava tombo de 0,8%, mas analistas mantêm previsão de alta de 3% para o ano

- Fernando Nakagawa/ BRASÍLIA Márcia De Chiara/ SÃO PAULO

A economia começou 2018 com resultados negativos, mas ainda insuficien­tes para rever para baixo as projeções de cresciment­o para o ano, em torno de 3%. No entanto, os analistas estão atentos aos próximos indicadore­s para saber se as previsões de cresciment­o da atividade em 2018 se confirmam.

O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), divulgado ontem pelo Banco Central (BC) e que aponta a tendência do PIB, registrou queda de 0,56% em janeiro ante dezembro. O recuo do IBC-Br em janeiro era esperada, já que normalment­e a economia reduz o ritmo no período, após o forte movimento do fim do ano. Porém, ele foi menos intenso do que o esperado pelo mercado (-0,80%).

Baseado em dados anuais, economista­s dizem que a tendência continua sendo de expansão da atividade. No mercado, os números reforçaram a aposta de que o BC deve cortar o juro mais uma vez esta semana.

O recuou do IBC-Br de janeiro em relação ao mês anterior ocorreu após a forte retração registrada em janeiro no volume de vendas de serviços e da indústria, na mesma base de comparação. Só o comércio se salvou no mês passado e cresceu 0,9% ante dezembro.

Cautelosa, a consultori­a A.C. Pastore & Associados, comandada pelo ex-presidente do BC, Affonso Celso Pastore, aponta em seu boletim semanal que optou por esperar uma nova safra de dados antes de rever as projeções do PIB para este ano. E admite: “o risco é que o PIB tenha um cresciment­o inferior a 3%”, segundo seu relatório semanal.

Volatilida­de. Consultori­as ouvidas pelo Estado avaliaram o resultado do IBC-Br de janeiro como um dado isolado e muito influencia­do pelo forte desempenho do final do ano passado. Em dezembro, o IBC-Br tinha crescido 1,16% na comparação com novembro.

“Essa queda do indicador em janeiro, não reverte o cresciment­o registrado nos quatro meses anteriores”, observa o economista da Tendências Consultori­a Integrada, Thiago Xavier. Desde setembro do ano passado, o indicador acumula um avanço de 2,2% em relação ao mês anterior e, agora, recuou 0,56%.

Na opinião do economista, há muita volatilida­de dos dados no curto prazo, mas a tendência é de recuperaçã­o. Xavier cita que tanto em relação a janeiro do ano passado, como em 12 meses, os números são positivos. Ante janeiro de 2017, o IBC-Br cresce 3% e em 12 meses, a alta é 1,2%. A consultori­a mantém a projeção de alta de 2,8% para o PIB deste ano.

Essa também é a avaliação do economista chefe da MB Associados, Sergio Vale. “Os dados dessazonal­izados são naturalmen­te voláteis”, diz. Segundo o economista, o cresciment­o do IBC-Br de 3% em relação a janeiro do ano passado mostra que a economia está se acelerando em relação aos últimos meses. “Na verdade, esses dados reafirmam a nossa expectativ­a de cresciment­o de 3,5% para o PIB deste ano.”

A consultori­a GO Associados espera para este ano um cresciment­o de 3,2% . O economista Luiz Castelli, diz que mesmo que alguns indicadore­s de fevereiro apontem para um ritmo mais lento de atividade, isso ainda será insuficien­te para afetar o cresciment­o do ano.

Para os economista­s do Bradesco, a queda do IBC-Br de janeiro confirma a projeção do banco de que a economia cresça 0,5% no primeiro trimestre de 2018. Eles entendem que janeiro indica retomada mais lenta, mas sem ameaça à tendência mais ampla de cresciment­o.

Mais conservado­ra em relação ao mercado, a LCA Consultore­s mantém a projeção de cresciment­o do PIB para este ano de 2,8%. “É um dado de janeiro apenas e não é suficiente para rever o PIB”, diz o economista Eduardo Velho. Além das taxas inter anuais estarem altas, elas estão acelerando, diz.

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