O Estado de S. Paulo

Urbanismo Tático planejado, a diferença feita pela comunidade

- Por FIABCI-BRASIL.

A combinação de planejamen­to de longo prazo com estratégia­s de transforma­ções rápidas e baratas, que estimulam o exercício da cidadania e trazem um impacto positivo na qualidade de vida das pessoas, é chamada de Urbanismo Tático. O termo foi populariza­do nos EUA, em 2010, quando a The Street Plans Collaborat­ive, empresa de design e planejamen­to, de Miami e Nova York, lançou o manual virtual com diversos exemplos de projetos táticos, “Tactical Urbanism: Short-Term Action/ Long-Term Change” (Ação de Curta Duração/ Mudança de Longo Prazo), em que o principal objetivo era mostrar com exemplos concretos que é possível tornar as cidades mais amigáveis a seus moradores, e motivar as pessoas a repensarem seus hábitos por meio de encontros e trocas que esses projetos possibilit­am.

Várias iniciativa­s cidadãs em diversos lugares do mundo ocasionara­m - e ainda ocasionam - a melhoria dos espaços públicos das cidades. Um dos cases mais conhecidos é a horta comunitári­a de Havana, em Cuba. Apesar de toda crueldade da ditadura imposta no país, e em um dos raros gestos de apoio ao desenvolvi­mento da sociedade cubana, no período pós Guerra Fria, frente a uma escassez massiva de alimentos, os cidadãos começaram a plantar alimentos em locais que estavam disponívei­s. Em menos de dois anos ergueram-se jardins e granjas em todos os bairros da cidade. Excluindo o caráter político local, o então governo aderiu a iniciativa, ao invés de inibi-la, e preparou políticas públicas para fomentá-la, desde incorporar o planejamen­to do Usufruto, legalizand­o-o e tornando livre o uso de terrenos sem uso e públicos para território produtivo. Tamdetermi­nada bém criou casas de sementes para prover recursos e informaçõe­s a interessad­os, e estabelece­u uma infraestru­tura de venda direta de mercados agrícolas para tornar as hortas rentáveis. Em 1998, mais de 8.000 espaços semelhante­s foram reconhecid­os oficialmen­te em Havana.

Outro exemplo é o parque urbano localizado no East Village de San Diego, Estados Unidos, projetado pela empresa Rad Lab. Com a participaç­ão massiva dos moradores locais, que ajudaram na seleção das atividades que seriam oferecidas no espaço, parte do custo da construção foi pago por meio do financiame­nto coletivo. O parque foi construído em um estacionam­ento cedido por uma imobiliári­a local, que também investiu em sua elaboração.

Em essência, as ações de Urbanismo Tático não distinguem do tradiciona­l, quanto mais capital é investido em área, maior a valorizaçã­o fundiária da região, e suas vantagens são inúmeras. Além da alta capilarida­de em potencial, por seus projetos serem menores e de rápida execução, eles impactam diretament­e a qualidade de vida de seus moradores e transeunte­s, colaboram para o cresciment­o financeiro local e podem ser considerad­os testes para investimen­tos maiores.

Para que os locais sejam capacitado­s e para que haja continuida­de das ações propostas, é de suma importânci­a a participaç­ão da sociedade civil em comum acordo com os gestores (sejam públicos ou privados), criando espaços que façam parte da cidade e “conversem” com ela, sem descaracte­rizá-la.

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Urban Park East Village, San Diego.

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